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A evolução do varejo farmacêutico americano e a transformação da CVS

A evolução do varejo farmacêutico americano e a transformação da CVS

20 out 2023

O paciente nos Estados Unidos tem a possibilidade de resolver as suas questões de saúde na farmácia, onde pode passar por consulta, ser diagnosticado, fazer testes de laboratório e adquirir os medicamentos necessários. Não precisa marcar hora no médico e esperar 60 dias para conseguir agendar uma consulta. Na farmácia encontra espaços destinados a atendimento com enfermeiras, assistentes de médicos e farmacêuticos. Com custos bem mais baixos e serviços acessíveis e disponíveis no mercado.

Este cenário foi bem demonstrado por Gui Serrano, AVP e Corporate Development da CVS Health, em sua apresentação no 8º Latam Retail Show, no painel internacional “Como a evolução do varejo farmacêutico americano está transformando o sistema de saúde nos EUA”.

A CVS Health Corporation é uma empresa de saúde americana proprietária da CVS Pharmacy, cadeia de farmácias de varejo com 10 mil lojas. “Nesse mercado somos os maiores. Temos uma capilaridade comparada aos postos de saúde no Brasil”, informa Serrano.

A CVS fez uma série de movimentos nos últimos anos, sendo os mais recentes as aquisições das empresas de saúde domiciliar Signify e a Oak Street Health, voltadas aos cuidados primários para idosos. “Hoje não somos apenas uma empresa de varejo, somos uma empresa de saúde, com faturamento de 320 bilhões de dólares por ano. E as lojas do varejo – apesar de valiosas – representam apenas 15%. A CVS teve visão, coragem, capital e aceitou redirecionar para outra área promissora”, declara o executivo.

Ele explica que a marca verticalizou e que adquiriu em 2018 também o plano de saúde Etna. Nos últimos anos, a CVS passou por uma profunda transformação, como todo o mercado farmacêutico e de saúde dos EUA. “Hoje, atendemos 1/3 da população americana com os nossos negócios. Combinando plano de saúde e de medicamentos temos mais de 100 milhões de vidas ativas dentro do nosso ecossistema. Todos os dias passam 5 milhões de pessoas na CVS. E temos o maior programa de fidelidade dos EUA, com 74 milhões de membros”, conta.

As farmácias da CVS têm 1.000 m2, com 3 a 4 clínicas médicas ao fundo, com espaços de produtos de beleza e bem-estar, além das prateleiras e atendimento para os medicamentos. O estacionamento fica em toda a volta da loja.

Segundo Serrano, o mercado americano é bem diferente do brasileiro prioritariamente porque está concentrado nas grandes redes, que são 70% do mercado. “No Brasil se vê muitas marcas independentes espalhadas, já nos EUA são poucas”. Outra característica importante do mercado americano é o e-mail, que é basicamente mandar a droga através do correio para as pessoas diretamente. São 6 bilhões de prescrições por ano.

“O sistema de farmácia como um todo nos EUA é extremamente complexo e tem muitos players. A diferença principal é que o medicamento tem cobertura de plano de saúde, que as empresas dão como benefício a seus funcionários”, explica o especialista.

O que causou a transformação

Conforme Serrano, de 2003 até 2018, a CVS veio com margem de lucro comprimindo. “Em questão de custo, as farmácias sofriam pressão de todos os lados, ficavam exprimidas entre as indústrias, os planos de saúde e de medicamentos e os consumidores. É muito relacionamento, muita troca de dinheiro. Com isso, o modelo de negócio antigo estava parando de funcionar”, explica.

Também não se pode contar, segundo o especialista, com aumento de receita por cada medicamento, porque seu custo aumenta, a inflação impacta e não se consegue vender por mais. “O sistema de saúde nos EUA custa 17% do PIB (Produto Interno Bruto), vinha em uma crescente e a população envelhecendo. Isso ficou tão insustentável que o governo dos EUA começou a reinventar diversas formas de modelo, mas ninguém esperava que a farmácia ia ter um papel tão importante nessa reinvenção”.

Outro problema, continua o executivo, é que os EUA não formam médicos para acompanhar o estado de saúde da população, que cresce. “Por outro lado, o farmacêutico é capacitado para fazer muito mais do que apenas entregar remédio. Na ocasião, saltou aos olhos os milhares de provedores espalhados pelos EUA sendo subutilizados. Então, na pandemia o governo americano percebeu que não conseguiria administrar a vacina em todo mundo porque não existem postos de saúde. A coisa explodiu. Foi quando o governo chamou as farmácias e criou uma nova política pública de seu uso, lhe dando essa capilaridade de chegar nas pessoas e entregar mais do que simplesmente medicamento. Não foi planejado. Foram as circunstâncias”.

Com isso, a CVS faz uma série de aquisições e dá início ao rompimento com o modelo tradicional. Na ocasião já tinha comprado o plano de saúde e, também, abraçou o serviço de saúde em casa, descobriu estes nichos e se reinventou, conforme Serrano, com as mudanças das lojas de forma lenta.

“Hoje a CVS tem vários ativos de negócios diferentes, todos 100% controlados e integrados. E o paciente tem a jornada toda dentro da CVS sem precisar sair”, detalha o executivo. “Fizemos aquisições de mais de 70 bilhões de dólares e o mercado duvidou de estarmos certos. Na época da Covid quem era varejista sofreu, mas quem era empresa de saúde começou a se beneficiar. A mensagem é: quando tiver frente a uma transformação a inércia é cara, e o mercado penaliza, e não tem volta”, completa Serrano, que acredita que também no Brasil haverá uma verticalização dos players.

A evolução das farmácias nos EUA

1729 – A farmácia inicialmente era um laboratório químico não havia contato com cliente, era experimental

1920 – A farmácia de experimentação tinha o farmacêutico na frente entregando aos clientes misturas personalizadas

Ainda na década de 20 – na farmácia se vendia de tudo até café, coca-cola, cerveja e cigarro

1960 – Começou uma evolução que deu origem ao modelo atual – focado em beleza e saúde pessoal.

Até o ano 2000, quando a farmácia começa a tomar um novo rumo

Este histórico fez parte da apresentação de Gui Serrano.

Foto: CVS Divulgação

 

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