Tendência no varejo: grandes marcas optam por lojas mais compactas
O Portal do Varejo já publicou em matérias anteriores cases de marcas que estão tornando a suas unidades menores, mais compactas. Como a mineira Alphabeto, de moda infantil, na reportagem AQUI. Essa semana foi publicada matéria, por grandes veículos (como o jornal O Estado de S. Paulo), que informa que essa é uma tendência das megalojas, marcas grandes.
“Todas as megas estão reduzindo para pulverizar/alcançar mais locais próximos aos clientes para virarem pontos de retirada de compras on-line, conveniência, serviços… como a Nordstrom, com a sua Nordstrom Local”, diz Juliana Neves, vice-presidente da ABIESV e diretora da Kube Arquitetura. A Nordstrom é uma sofisticada rede de lojas de departamento dos Estados Unidos. A primeira Nordstrom Local foi criada em 2017, em Melrose, com o objetivo de ser hub de serviços, onde os clientes podem acessar os produtos em um local central e conveniente.
“Vários outros clientes nossos estão clusterizando seus investimentos, para irem com projetos mais light em praças cujo faturamento previsto não é tão grande quanto uma praça mais relevante. Como a Alphabeto, que acaba de inaugurar uma loja full/premium, com carrossel que gira, caixinha de músicas, entre outras atrações, no Barrashopping (na Barra da Tijuca/RJ)”, completa a especialista em varejo com ênfase em projeto para todos os sentidos, e professora convidada do curso de Retail Design & Branding da PUC-RJ.
Há dois anos, a Alphabeto, que já estava nas principais praças, pretendia entrar em cidades e centros comerciais de pequeno a médio porte, por isso necessitava de um metro quadrado de loja com modelo mais enxuto e com valor menor de investimento. O projeto da loja física da marca continuou encantador e mágico, só que com elementos mais simples, que tornam mais barato o metro quadrado e, assim, mais viável para praças menores. O projeto foi enxugado, lapidado e ajustado até conseguir criar uma arquitetura estratégica de forma que pudesse ser replicável. As maiores lojas da Alphabeto têm, em média, 80 m2 e as menores em torno de 35 m2. Nas lojas menores, a gente leva toda essa conexão do mundo lúdico com o mesmo encantamento”, conta o diretor comercial, Sérgio Pereira. O trabalho foi resultado de parceria com a Kube Arquitetura, que já desenvolveu 30 unidades, entre lojas novas e reformas.
Inaugurada em 1993, a marca já tem 93 operações, 22 próprias e 71 franqueadas, distribuídas por vários estados brasileiros e prevê a abertura, ainda esse ano, de 12 lojas e 4 quiosques, todos franqueados. A fábrica da Alphabeto produz 215 mil peças por mês.
Carrossel na loja Alphabeto
Seguindo essa tendência, uma grande rede também optou por lojas mais compactas, ao invés de megalojas: a Renner, que abriu no final do ano passado uma loja em Garibaldi (RS) e, recentemente, outra de 300 m2, no Shopping Villa-Lobos, em SP. Ambas bem menores do que o tamanho normal da rede, que em média é de 2 mil m2.
A Decathlon, que têm dezenas de lojas com áreas entre 3 mil e 4 mil m², recentemente passou a ter lojas com menos de 1 mil m², como as dos shoppings de Niterói (RJ) e Salvador (BA), além de uma em edifício no bairro do Leblon (RJ). A marca anuncia a inauguração de mais duas lojas compactas em shoppings de Recife (PE).
As lojas com menos m2 são uma tendência na Europa e nos Estados Unidos, onde a área média das unidades locadas chega a 500 m2 (dados da consultoria JLL).
O que possibilita esse cenário atual de lojas menores, conforme dizem os próprios varejistas das marcas, é o fato de as lojas serem mais digitais. Hoje, o produto pode ser comprado online no PDV, provado fisicamente e entregue em casa. O modelo figital – união do físico com o digital. A loja física é mais um ponto de experiências, de conveniência e de encontro. E como consequência, as marcas abrem mais lojas e mais perto do consumidor, em centros urbanos e no interior.
Informações do Estadão Conteúdo
Foto de abertura: Divulgação Alphabeto