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Portal do Varejo entrevista Fernando Seabra, líder do maior projeto de incentivo ao investimento anjo em Startups da América Latina

Portal do Varejo entrevista Fernando Seabra, líder do maior projeto de incentivo ao investimento anjo em Startups da América Latina

25 mar 2019

O especialista em inovação, empreendedorismo e startups é um dos palestrantes do 29º Backstage do Varejo

Em uma entrevista ping pong (perguntas e respostas), Fernando Seabra conta ao Portal do Varejo sobre seu trabalho como líder do GRI – Grupo de Relacionamento com Investidores do Departamento da Micro, Pequena, Média Indústria e Acelera FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que tem o maior projeto de integração do ecossistema de empreendedorismo brasileiro e também o maior projeto de incentivo ao investimento anjo em startups da América Latina. O especialista fala, também, de sua atuação no comando da equipe de analistas do programa Shark Tank Brasil – Negociando com Tubarões (exibido pelos canais Sony e TV Bandeirantes).

Seabra participa de outros diversos processos de avaliação de startups, como o programa Finep Startup, também é mentor do Founder Institute. É advogado com especialização em marketing pela UC-Berkeley e MBA pela Peter F. Drucker School of Business, onde também foi processor assistente de eCommerce e consultor da Lexus/Toyota. Morou nos USA, França, Suíça, Panamá e Brasil.

Como empreendedor, cria negócios há mais de 25 anos e atua frequentemente como cofundador de outros. Com uma visão “out of the box“, atua como mentor, investidor-anjo e conselheiro de startups e aceleradoras.

O especialista é um dos palestrantes do 29º Backstage do Varejo, evento promovido pela Abiesv dia 28.03 (ver matéria http://portaldovarejo.com.br/encontro-da-abiesv-reune-especialistas-para-falar-sobre-economia-e-startups-no-varejo/), onde falará sobre “A Influência das Startups no Crescimento do Varejo”.

Como é o trabalho que lidera na Fiesp, considerado o maior projeto de incentivo ao investimento anjo em startups da América Latina?

É o Concurso Acelera Startup, uma iniciativa que coloca empreendedores em contato com mentores e investidores. O objetivo é desenvolver e alavancar o empreendedorismo inovador, ajudando os empreendedores a se vencerem e a realizarem seus sonhos.

Qual é o processo do Concurso Acelera Startup? E já envolveu quantos empreendedores e investidores?

O que nós fazemos neste projeto é captar no mercado as melhores iniciativas. Fazemos, ao longo do ano, quatro edições menores em cidades do Estado de São Paulo e, em novembro, acontece a final na capital. Na última edição recebemos 14.250 inscrições, das quais 350 foram selecionadas e já beneficiadas, com um total de 6.000 horas de mentoria, o equivalente a 250 dias ininterruptos, através da nossa rede de quase 600 mentores. São palestras e workshops sobre inovação, investimento e empreendedorismo, além de avaliações individuais. Se o empreendedor tivesse que pagar custaria em torno de um milhão de dólares. Com isso, os projetos recebem um enorme aprimoramento. Os 10 finalistas são preparados tecnicamente, lapidados e colocados para apresentarem seu negócio a investidores potenciais – eu entro com todo meu know-how e tecnologia para que estas iniciativas ganhem fundos investidores. O concurso já avaliou mais de 52 mil projetos, destes 10% já entraram no funil e receberam mentoria. O projeto já gerou investimentos de mais de R$ 40 milhões.

Digamos que você se tornou um especialista em ajudar boas ideias a virarem realidade?

Hoje eu sou especializado, no universo da Fiesp, a preparar empresas empreendedoras a falar com investidores. A fazer esta integração entre startups, empresas, investidores, aceleradoras, incubadoras. Coloco todos para conversar. E, sim, o que pretendo é ajudar sonhos a virarem realidade.

Você também lidera a equipe de analistas do programa Shark Tank Brasil – Negociando com Tubarões. Como é o bastidor deste trabalho?

O programa é um reality show com investidores interessados em dar apoio financeiro a grandes ideias de empreendimento. O bastidor é bem intenso, pois geralmente são oito dias de gravação para cada programa que vai ao ar. Para uma temporada de programas, de três meses, são centenas de startups que passam por nossa avaliação e selecionamos 20% para ir ao ar no programa e ter a oportunidade de apresentar seu projeto para a bancada de ‘tubarões’, que avaliam se devem investir ou não no negócio. O programa segue para sua quarta temporada.

(O elenco atual do Shark Tank Brasil ‘os tubarões’ são — Caito Maia, fundador da Chilli Beans; Cristiana Arcangeli, empresária serial do segmento de moda, beleza e bem-estar; João Appolinário, fundador da Polishop; Robinson Shiba criador e Presidente da rede China In Box; e Camila Farani, um dos maiores nomes em investimento-anjo do Brasil).

De que forma as startups estão ajudando no crescimento do varejo?

No varejo é preciso acelerar os processos de inovação. Então, a startup tem que ter características específicas, sobretudo ser de base tecnológica, que busca um modelo de negócios repetível e escalável. Deve criar algo que agregue valor ao varejo. A tecnologia é protagonista nesta área e é amplamente utilizada para agilizar transações, conhecer e melhor atender clientes. A inteligência artificial é um exemplo de inovação utilizada por empresas que revolucionam o varejo. As startups são novas no mundo e estão crescendo e fazendo o bem, inclusive no Brasil.

Como você abordará em sua palestra no 29º Backstage do Varejo a influência das Startups no crescimento do varejo?

Vou começar explicando o que são startups. Depois apresentarei investimentos de startups aplicadas no varejo. E depois mostrarei porque o varejo deve se atentar a implantar no seu DNA Startup Way (modelo de operação Lean ‘enxuta’ Startup nas organizações para alcançar a transformação digital de forma rápida e sustentável).

Qual porcentagem de startups consegue êxito hoje? E existe algum ‘segredo’ para dar certo?

Hoje a taxa de fracasso de startups é de 96,7%. É requisito número um que o empreendedor conheça muito bem e viva a dor a qual pretende desenvolver alguma solução.  Quando o empreendedor vive essa dor ele tem autoridade para falar do assunto, para desenvolver de forma orgânica uma solução, conhecer bem o mercado e por vai.

Quais são hoje os grandes exemplos de startups no mundo?

Temos o exemplo fantástico da Amazon (Seattle), na qual o consumidor vivencia uma experiência única de compra: escolhe os produtos e simplesmente sai sem precisar efetuar o pagamento na loja (o cupom chega no celular do cliente, pelo aplicativo da marca). Outro exemplo brilhante é a empresa colombiana Rappi, que tem forte presença no Brasil. A startup tem uma incrível logística de entrega, entrega qualquer coisa em qualquer lugar, e virou um unicórnio (alcançou a marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado). A Rappi revolucionou a relação com consumidor final.

E qual ou quais as Startups mais disruptivas?

A Arbnw é um exemplo do que há de mais disruptivo, que transformou a possibilidade de um quarto que poderia estar sem uso virar pousada de um grupo bacana, que as vezes vem até de outro país. Bem mais disruptivo do que o Uber, por exemplo, que também introduziu grande inovação ao mercado. Todas são consideradas startups unicórnio. Hoje no mundo inteiro existem 233 unicórnios.