ABIESV - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O VAREJO
Sem medo de ser colorido

Sem medo de ser colorido

11 mar 2021

Por Ana Costa *

Sempre me pedem para escrever algo novo que estou estudando ou aplicando para o varejo.

Nesse processo todo de mudanças no varejo, uma questão que sempre surge é: Como proporcionar uma experiencia inesquecível para o cliente? E, agora, tem que ser mais que inesquecível, se é que isso é possível.

Com essa história de abre e fecha loja, comecei a ter uma demanda por criação de espaços instagramáveis, misturados com Visual Merchandising e o que mais pudesse render likes e resultados comerciais.

Enfim, comecei a fazer alguns cenários e estudar esses micros espaços, que servem de pano de fundo para mensagens mega rápidas e com pouquíssimo tempo de exposição.

Briefing como sempre zero reais, na verdade o briefing era algo do tipo, pensa em alguma coisa que fique lindo, com uma cara diferente do que já fizemos, usando o que já temos.

Maravilhoso…., nada mais inspirador.

Entrei na vibe do Upcycling, reutilização “para cima” ou reutilização criativa, um detalhe – esqueci de dizer que também não tinha verba para contratar designers ou mesmo qualquer outro tipo de criativo ou artista plástico.

Como sempre gostei de inventar coisas fui mexendo e acabei me apaixonando por diversos insumos e as coisas foram saindo. Mas sentia falta de algo que justificasse meu pensamento criativo e fatiei meu processo de criação em pontos-chaves e hoje vou falar sobre um deles: As Cores.

Sempre tive uma enorme facilidade para misturar e trabalhar com cores, aliás  meu amigo arquiteto Zé (José Antônio Henrique, titular do Escritório Stuido Zeh), me chama de arara….inveja de quem ama um cinzinha (kkk).

Estamos habituados a pensar em cor como atributo, mas pra mim é mais do que isso, é o X do conceito, é uma performance entre luz e matéria.

Já sabemos que a cor é cientificamente comprovada um influenciador no humor, na percepção do objeto, na atratividade da concentração.

Comecei a trabalhar em meus projetos de cenários instantâneos com focos de cores e, consequentemente, focos de luz e os resultados foram muito interessantes.

Os clientes, em um primeiro momento, relutaram com alguns posicionamentos, mas acabaram aderindo e foi nesse contexto que fiz uma nova descoberta, nosso mundo vive um alto grau de cromofobia, isso mesmo, medo de cores.

Fomos treinados a vincular cor com infantilidade e excesso de alegria o que nos transformaria em pessoas fúteis e sem profundidade, enquanto se nos cercássemos de cores mais sóbrias e neutras seriamos vistos como mais maduros, moderados e sofisticados.

Estamos vivendo um momento bem cinzento e minha vontade por cores e brancos nunca foi tão grande. Aprofundando meus estudos, buscando cases pelo mundo e entendendo o comportamento humano e nossas necessidades atuais passei a defender o uso das cores de uma forma extremamente embasada.

As cores podem parecer belas embalagens, mas vão direto ao coração das coisas e pessoas. A cor é a energia que se torna visível, e hoje ter energia é vital para nossa sobrevivência, consequentemente dos nossos negócios, das nossas marcas e voltamos novamente para: “Marcas são como pessoas”.

Vamos começar tratar a cromofobia da sociedade, dos nossos espaços de trabalho, de convívio, de casa e por que não das nossas redes sociais com pitadas de cor.

Baixo custo, muito criativo e com resultados rápidos e duradouros.

Ana Costa é diretora de Acadêmico e Conteúdo da ABIESV, especialista em trade marketing, visual merchandising, comportamento de consumo e gestão de PDV.

 

Imagens do artigo: Billie e Handbook