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‘Repensar é a palavra-chave’, diz uma das maiores especialistas em VM: Sylvia Demetrescu

‘Repensar é a palavra-chave’, diz uma das maiores especialistas em VM: Sylvia Demetrescu

04 mar 2021

Saiba mais sobre Visual Merchandising e como obter um bom trabalho com uma das maiores especialistas na área: Sylvia Demetrescu, professora de VM na FAAP, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, VM na empresa Relógios Rolex e VM na Loja Natura Paris. Sylvia é autora de vários livros, entre eles: Vitrina Construção de Encenações, ed. Senac; Vitrinas e Exposições: e Arte e Técnica do Visual Merchandising, ed. Érica/Saraiva. Na entrevista, a especialista dá boas dicas sobre a área neste momento de transformação do varejo: “Repensar é realmente a palavra que nos acompanha”, diz.

  1. Você já disse em um artigo em nosso portal que o Visual Merchandising analisa uma marca, sua história, seu consumidor (paciente) e realiza a história a ser contada de modo eficaz por todo espaço da loja. Conte sobre esse trabalho tão minucioso?

Para os profissionais de Visual Merchandising a construção de um projeto deve ter: um produto, uma marca, uma cor, um conceito e uma história a ser contada. Tudo para valorizar o tal produto. Na sequência: desenhos, croquis e discussão do projeto, pesquisa de materiais, execução e publicação. Entrevista com o empresário lojista, que dará algum detalhe e dirá qual seu orçamento.

  1. O que mudou hoje com a pandemia? Estamos em um momento de transformação do varejo e de um repensar em tudo?

Repensar é realmente a palavra que nos acompanha. Podemos ver marcas do online que foram para a rua, e vice-versa. Também presenciamos marcas simplesmente desaparecerem, além de muita coisa nova. O principal acho que deve ser ainda a experiência gerada na compra, seja na realidade, seja no online. Mas o homem é um ser social, então, mesmo atendendo poucas pessoas por vez, nas lojas, as marcas devem continuar a criar esta experiência de compra. A vitrina tem que continuar como sedutora, como criadora de novas expectativas e até ter um vínculo para o bem-estar de quem a vê.

  1. Como trazer o que há de melhor na loja para a vitrina?

O melhor seria trazer uma boa história, seja através das cores, da cenografia inovadora, do uso de materiais que não são vistos no dia a dia nas lojas, além de muita luz em focos específicos e arranjos inusitados.

  1. Para saber fazer bem isso tem que estudar VM. Hoje no Brasil, quais são as boas opções de cursos? São presenciais e online?

Bem difícil de ver esses cursos, estamos carentes e poucas universidades de arquitetura ou escolas de moda estão investindo. Tem cursos esporádicos, aqui e acolá, mas sem uma frequência constante, infelizmente.

  1. Quais orientações você dá ao varejista para que contrate um bom profissional de VM?

O lojista terá que buscar um profissional do VM, com foco em varejo, que seja qualificado na compreensão e tenha uma coerência entre todos esses itens:  produto, as cores dos produtos ou coleção adquirida, a logomarca, o conceito ou a temática da coleção, que deverá aparecer. E, claro, que ofereça um orçamento adequado.

  1. Dê três boas dicas de passos para um bom trabalho de VM.

Uma boa coleção de produtos da marca, uma bela história e uma boa iluminação. A criatividade é o item mais importante, lembro por exemplo, numa vitrina de relógios, a temática foi o artista francês Magritte. Peguei alguns dos quadros dele e os transformei em obras tridimensionais em que os relógios (produto a ser exposto) ficavam boiando no mar, caindo do céu da cenografia. Tudo isso feito com materiais baratos, descartáveis e muitos tipos de iluminação.

Relógios Dumont

Linhas Correntes com as maças

Foto da abertura: Gant Moda

Todas as fotos são projetos de Sylvia Demetrescu