‘Repensar é a palavra-chave’, diz uma das maiores especialistas em VM: Sylvia Demetrescu
Saiba mais sobre Visual Merchandising e como obter um bom trabalho com uma das maiores especialistas na área: Sylvia Demetrescu, professora de VM na FAAP, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, VM na empresa Relógios Rolex e VM na Loja Natura Paris. Sylvia é autora de vários livros, entre eles: Vitrina Construção de Encenações, ed. Senac; Vitrinas e Exposições: e Arte e Técnica do Visual Merchandising, ed. Érica/Saraiva. Na entrevista, a especialista dá boas dicas sobre a área neste momento de transformação do varejo: “Repensar é realmente a palavra que nos acompanha”, diz.
- Você já disse em um artigo em nosso portal que o Visual Merchandising analisa uma marca, sua história, seu consumidor (paciente) e realiza a história a ser contada de modo eficaz por todo espaço da loja. Conte sobre esse trabalho tão minucioso?
Para os profissionais de Visual Merchandising a construção de um projeto deve ter: um produto, uma marca, uma cor, um conceito e uma história a ser contada. Tudo para valorizar o tal produto. Na sequência: desenhos, croquis e discussão do projeto, pesquisa de materiais, execução e publicação. Entrevista com o empresário lojista, que dará algum detalhe e dirá qual seu orçamento.
- O que mudou hoje com a pandemia? Estamos em um momento de transformação do varejo e de um repensar em tudo?
Repensar é realmente a palavra que nos acompanha. Podemos ver marcas do online que foram para a rua, e vice-versa. Também presenciamos marcas simplesmente desaparecerem, além de muita coisa nova. O principal acho que deve ser ainda a experiência gerada na compra, seja na realidade, seja no online. Mas o homem é um ser social, então, mesmo atendendo poucas pessoas por vez, nas lojas, as marcas devem continuar a criar esta experiência de compra. A vitrina tem que continuar como sedutora, como criadora de novas expectativas e até ter um vínculo para o bem-estar de quem a vê.
- Como trazer o que há de melhor na loja para a vitrina?
O melhor seria trazer uma boa história, seja através das cores, da cenografia inovadora, do uso de materiais que não são vistos no dia a dia nas lojas, além de muita luz em focos específicos e arranjos inusitados.
- Para saber fazer bem isso tem que estudar VM. Hoje no Brasil, quais são as boas opções de cursos? São presenciais e online?
Bem difícil de ver esses cursos, estamos carentes e poucas universidades de arquitetura ou escolas de moda estão investindo. Tem cursos esporádicos, aqui e acolá, mas sem uma frequência constante, infelizmente.
- Quais orientações você dá ao varejista para que contrate um bom profissional de VM?
O lojista terá que buscar um profissional do VM, com foco em varejo, que seja qualificado na compreensão e tenha uma coerência entre todos esses itens: produto, as cores dos produtos ou coleção adquirida, a logomarca, o conceito ou a temática da coleção, que deverá aparecer. E, claro, que ofereça um orçamento adequado.
- Dê três boas dicas de passos para um bom trabalho de VM.
Uma boa coleção de produtos da marca, uma bela história e uma boa iluminação. A criatividade é o item mais importante, lembro por exemplo, numa vitrina de relógios, a temática foi o artista francês Magritte. Peguei alguns dos quadros dele e os transformei em obras tridimensionais em que os relógios (produto a ser exposto) ficavam boiando no mar, caindo do céu da cenografia. Tudo isso feito com materiais baratos, descartáveis e muitos tipos de iluminação.
Relógios Dumont
Linhas Correntes com as maças
Foto da abertura: Gant Moda
Todas as fotos são projetos de Sylvia Demetrescu