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Quem é o consumidor do amanhã? A resposta está em pesquisa apresentada no Latam Retail Show

Quem é o consumidor do amanhã? A resposta está em pesquisa apresentada no Latam Retail Show

10 out 2022

“Os consumidores estão mais exigentes e querem tudo agora. Não temos mais o consumidor super tradicional. Essa é uma nova fase, com novos comportamentos, e com isso, precisamos entregar novas experiências. É um novo caminho”.

A fala é de Karen Cavalcanti, sócia da Mosaiclab, empresa expert em market intelligence, integrada ao Ecossistema Gouvêa, que apresentou na última edição do Latam Retail Show (realizada recentemente) a pesquisa inédita ‘Consumidor do Amanhã”, um olhar para o comportamento do consumidor de hoje e do futuro. Esse ano, o estudo foi feito com 3620 pessoas, do Brasil, Argentina, Chile, Equador, Panamá e México, entre outros países.

“A maioria dos estudos que temos feito apontam sempre para o mesmo caminho: que o consumo online aumentou, que está pesquisando mais, que procura produtos mais baratos, quer achar tudo mais próximo, que valoriza a diversidade, a preservação da natureza e quer experiências de compra”, afirma Karen.

Segundo ela, temos escutado que as pessoas estão ficando mais racionais, “mas a verdade é que houve uma mudança comportamental e os consumidores estão mais reflexivos, amadureceram, olham e experimentam as coisas de maneira diferente, mudaram seu jeito de viver e de pensar.

A Mosaiclab fez uma pesquisa de mindsets de comportamento da população em 2020, e a repetiu em 2022, e nelas elencaram os perfis de consumidores e as diferenças de porcentagens nos anos:

. Flex consumidor – tradicional, econômico, que gosta de ficar em sua zona de conforto – na pesquisa de 2020 representava 30%, já em 2022 caiu para 13%

. Micro evolutivo – que muda aos poucos, tem seu celular, usa um pouco a internet, mais gradual – representou os mesmos 18% nos estudos em ambos os anos, 2020 e 2022

. Consumidor controle – é detalhista, cuja tomada de decisão é super pautada em dados – dos 17% caiu para 15%

. Bio Transformados – ligados na natureza e no propósito, por onde pautam muito as suas decisões – de 15% em 2020 subiu para 20% na pesquisa de 2022

. Conzumysta – os Z e Y são propositais por esse perfil ser mais forte nessas gerações. Não têm barreira de ON e OFF, e o comportamento é super fluído com relação a compra e no jeito de ver a vida – de 12% no estudo de 2020 subiu para 18% na pesquisa desse ano

.  Tech revolucionário – para quem a tecnologia é essencial na transformação – subiu de 8% em 2020 para 16% em 2022

“Temos muitas mudanças de comportamento que se solidificaram e estão presentes no dia a dia”, afirma Karen.  “Vejam que o Bio Transformador subiu de importância e quando falamos da sustentabilidade inteligente é um olhar para o ambiente, para o social e isso interagindo com as novas tecnologias. Essa é uma preocupação crescente em vários estudos que fazemos. O consumidor está querendo, cada vez mais, se conectar com um propósito”, completa.

Ela explica que, também, está se falando muito sobre equilíbrio emocional e que saúde mental vai ser um dos temas muito fortes que impactara a sociedade e os negócios. E alerta: empresas que têm muitos funcionários e muitos consumidores devem ficar atentas a essa onda de saúde emocional. “Nos estudos temos a preocupação de abordar saúde emocional, o estresse e a depressão. Ao fazermos a pergunta: Qual o seu problema de saúde hoje ou que você pode ter no futuro? Obesidade, pressão, câncer, problema emocional….– esse último ficou lá em cima. As pessoas, recorrentemente, estão falando sobre isso, o que demonstra que temos um ponto de mudança de pensamento com relação a esse tópico emocional, e isso vai mexer bastante no nosso negócio”.

Outro aspecto levantado pela especialista é que hoje as pessoas não querem mais a mega conveniência, essa tendência mudou para hiper conveniência, conforme diz a especialista. “Porque as pessoas querem muito mais produtos preferencialmente grátis. Ou pensar que é grátis, por exemplo, a taxa do cartão que eu usar vai compensar o que eu estou gastando. Essa sensação de ser quase grátis, é uma coisa que está no mindset das pessoas”.

Conforme Karen, os consumidores ainda têm dúvida se a loja física vai morrer? “Não, o físico não vai morrer. A pandemia veio para provar isso, a gente gosta do meio físico. Mas teremos muito mais coisas para interagir e irá mudar a forma que a gente lida com os espaços, que não vão ser só para uma funcionalidade e sim para multifuncionalidade e o físico e o digital interagindo. Espaços comerciais com essa união de experiências, serviços e consumo.

Agora, a loja “boring”, quer dizer chata, vai fechar. “Porque o consumidor está mais reflexivo, julgando mais os espaços e querendo cada vez mais tudo rápido e experiências personalizadas”, explica.

Outro tema importante abordado na palestra foi o home office. Hoje, 54% dos entrevistados estão em um ambiente que permite trabalhar a distância, 49% estão trabalhando home office. Para o futuro, 80% preferem mesmo trabalhar online, 65% dizem ser mais produtivos trabalhando em casa mesmo, 26% não sentem impacto, e apenas 9% acham que diminui a produtividade. “Temos uma nova forma de pensar, que envolve flexibilidade e qualidade de vida”.

Outra questão abordada na pesquisa é sobre o futuro: se seria melhor do que os dias de hoje. As respostas foram positivas no sentido de que a renda vai aumentar: referente a 96% das respostas no Brasil, maior porcentagem histórica desse estudo. “As pessoas estão mais otimistas para o futuro. Isso aumenta a possibilidade de consumo. Por outro lado, muitos estão com cautela pelas incertezas, os aumentos de preços e as eleições. Tudo impacta no consumo. Os consumidores sentiram o aumento de preços em várias categorias, como alimentação e vestuário. Estão com suas vontades de consumo reprimidas. Quando soltar essa vontade teremos um potencial maior de crescimento”, explica Karen.

Já quase todas as categorias de consumo colocadas na lista do estudo foram assinaladas como desejo dos entrevistados: roupas, calçados, acessórios, viagem nacional, produtos tecnológicos, compra de veículos e alimentos e bebidas, entre outros.

“Por fim, o perfil do consumidor hoje: mais exigente, mais reflexivo, com vínculo com o propósito, com alta produtividade no home office, preocupação com a sustentabilidade humana e visão positiva do consumo de futuro”, finaliza a palestrante.

Crédito foto de abertura: Freepik