Especialistas em varejo no Brasil contam as suas impressões sobre o Big Retail’s Show 2023
Após três dias de muito conteúdo no Big Retail’s Show, promovido pela NRF – National Retail Federation, parece que as impressões dos participantes foram um pouco diferentes do último ano. “Gostei muito porque, graças a Deus, falaram sobre gente. Estava cansado dessa conversa de metaverso”, afirma o consultor e palestrante Edmour Saiani, fundador da Ponto de Referência, em conversa nas redes sociais com Julio Takano, conselheiro da ABIESV, CEO da KT Retailing e fundador da Varejo 180.
Segundo Saiani, as marcas Target, Loewe e Kroger falaram de gente. “Alguém me perguntou ‘como que essas marcas conseguem contratar as pessoas sem ter problema de ruptura de gente como está acontecendo nos EUA? Eu respondi: é a reputação que elas têm de ser boas empregadoras. A experiência dos funcionários justifica que todo mundo queira trabalhar lá”.
A especialista em varejo, relações de consumo e palestrante Camila Salek, fundadora da Vimer (associada da ABIESV), também, fez uma reflexão em suas redes sociais, onde diz que a NRF começou falando de pessoas e terminou falando sobre sustentabilidade. “Exploramos a tecnologia e voltamos à base do varejo para torná-la eficiente e expandir o seu uso. Qual é essa base: a cultura, que nasce da paixão do varejista e profissionais do setor e transcende aos consumidores, provocando a formação de comunidades, cada vez mais sustentáveis em todas as esferas”.
Zeh Henrique Rodrigues, Sócio-VP de Branding e Varejo no Grupo OM e Brainbox / Co-founder Varejo 180, deixa claro em seu artigo *no site da Varejo 180, empresa de conteúdo e eventos), que “antes eram os Millenials e o Omnichannel, agora ouvi muito sobre como a geração Z está vindo para chacoalhar a economia e de como o metaverso está revolucionando o mercado de consumo. E como estar a par de tudo isso? Simples: o foco de tudo é o atendimento ao consumidor”.
Para Rodrigues, a pauta do ano para que o varejo prospere está a seguir:
- Investimento em canais (transformação digital na abertura de novos canais – novos canais físicos – e na unificação deles. Isso significa estoques integrados também)
- Investimento em logística (quem for mais eficiente ganha a batalha)
- Investimento em captação e uso de dados (CRM ativo é um importante ativo para retenção de clientes)
- Investimento em pessoas (seleção, captação e retenção de talentos)
- Investimentos em marketing, branding e comunicação
“Quando esses pontos são bem executados temos a famosa ‘Experiência do cliente’. É isso que se deve buscar. Atrito zero em toda a jornada de compra com grande encantamento, pois tudo que deveria funcionar, de fato, funciona. Agora é identificar as pessoas do seu time que têm capacidade para ajudá-lo, identificar os parceiros corretos para dar suporte e trabalhar com foco e energia. Vai dar certo”, completa o especialista.
Volta ao básico bem-feito
Juliana Neves, vice-presidente da ABIESV e sócia-diretora da Kube Arquitetura, acredita que o evento esse ano teve a mensagem “volta ao básico bem-feito — senti até uma volta há alguns anos pré-metaverso”. Segundo ela, o seu conteúdo incentivou o investimento em experiências do consumidor para gerar tráfego na loja. “As pessoas já estão entendendo que varejo e entretenimento, hoje, andam juntos e inclusive estão começando a pagar ingressos pelas experiências, como é o caso da loja do Harry Potter, que cobra as suas experiencias de realidade aumentada”.
Juliana contou, também, que o americano está muito impressionado com a inflação. “No Brasil estamos acostumados com isso e não temos tanto medo, mas eles estão aterrorizados também com a guerra, com essa era das pandemias e a NRF falou muito sobre isso”.
A especialista citou cases interessantes de lojas de Nova York, como a Mango, da 5ª Avenida, que está com uma coleção de NFTs baseada em obras dos artistas espanhóis Joan Miró, Antoni Tàpies e Miquel Barceló; e a loja de sorvete no bairro SoHo, a Catch’n Ice Cream, do Youtuber Dylan Lemay, na qual a bola de sorvete é arremessada para que o cliente consiga à distância pegar com o copinho. “Ele queria fazer as pessoas brincarem com sorvete como ele brinca no TikTok, onde tem milhões de seguidores. O objetivo é o de oferecer experiência com diversão. E conseguiu, pois vai todo mundo lá só para ver a bola sendo arremessada para o alto e filmar a pessoa pegando o sorvete. Levei um grupo na loja e todos se divertiram igual criança”.
Na loja, o sorvete é mexido em uma máquina, canalizado por uma mangueira até moldes de esfera de silicone e, em seguida, congelado a 35 graus negativos por 40 minutos, para depois serem revestidos por coberturas.
Foto da abertura: NRF Big Show Jason Dixson Photography