ABIESV - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O VAREJO
Cresce fluxo de pessoas nos centros comerciais

Cresce fluxo de pessoas nos centros comerciais

10 dez 2021

Com as quedas dos casos de Covid no Brasil e as sucessivas datas comemorativas – Dia das Crianças, Black Friday e Natal –, a quantidade de consumidores circulando pelos centros comerciais aumentou em 10% e as vendas em 12% nos meses de setembro e outubro, com relação aos meses anteriores do ano, segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo – SBVC. Os segmentos com mais vendas foram os de beleza, moda e utilidade doméstica.

“Começamos a perceber um comportamento diferente do consumidor a partir de setembro, quando o número de vacinados começou a aumentar. Notamos aquele conceito de ‘consumo de vingança’, quer dizer, o consumidor passou muito tempo sem comprar e agora quer descontar o tempo perdido, o que aumenta com a retomada das festas sociais, incluindo as de final de ano”, afirma João Flávio Apolinário Braga, 33 anos, que junto com seus irmãos Fernando Apolinário Braga, 31, e Alana Lazara, 32, é proprietário das redes de lojas de calçados e moda, Sete4Sete, Pop e Zamara, localizadas no interior de Minas Gerais. Os empreendedores tiveram que se reinventar na pandemia, criando várias ações para que os faturamentos de suas lojas se mantivessem em alta.

“Atualmente a situação tem melhorado. Porém, no contexto geral será muito difícil conseguirmos recuperar o período delicado da pandemia quando perdemos em vendas, principalmente esse setor de moda. Melhor pensarmos o que passou, passou. O varejo precisa olhar para frente”, diz Apolinário Braga. Ele está confiante, tanto que no começo de novembro inaugurou mais uma loja Sete4Sete, em Buritis/MG, de 600 m2 e conta que está sendo um sucesso de vendas.

Já Matheus Viotti, 23, proprietário da Puro Estilo Men, de moda masculina, localizada em Carmo da Mata/MG, acredita já ter recuperado o que perdeu em vendas na pandemia. “Esse período apesar de difícil deu aos empreendedores oportunidades, os que souberam aproveitar na pandemia inovaram e deslancharam”, acredita Viotti. “E com relação aos 10% de fluxo a mais de pessoas comprando, significa então que temos mais 10% de valor para investir em marketing, estoque e estrutura, e poder retornar isso em faturamento. Acredito, também, que quanto mais se avançar dezembro esse movimento crescerá. Estou muito otimista para as vendas para o Natal e Réveillon, que consigamos extrair os melhores resultados possíveis”, completa Viotti. Ele conta que já na Black Friday, em novembro, houve um aumento de 530% no faturamento da Puro Estilo Men com relação ao mesmo mês do ano passado, saltando de R$ 18.900,00 para R$ 100.200,00.  “E o ano que vem deve ser ainda melhor. Importante é sempre atender muito bem o cliente”, afirma confiante o empresário.

Logo que a pandemia teve início, com a suspensão das atividades comerciais, Viotti criou a sua loja virtual na plataforma de e-commerce ‘Apoie o Pequeno’ (www.apoieopequeno.com.br). Hoje do faturamento de sua marca, 60% vêm das vendas na loja física e 40% da loja online.

Projetos a todo vapor

Flávio Radamarker, sócio-diretor técnico e de criação do Arquitetar – Soluções para o Varejo, tem motivos para comemorar, pois acaba de criar projetos para seis clientes no novo Shopping ParkJacarepaguá, na zona Oeste do Rio de Janeiro/RJ, das marcas: Brink Center, Peahi, Garage Rio, Lizie, Choperia Ravache e Multi Chef. “Entre trabalhos de criação de conceito, projeto de arquitetura, execução e gerenciamento de obras, a Arquitetar atendeu lojas no novo shopping totalizando mais de 500m2 de diferentes segmentos do varejo”, afirma Radamarker.

Para a loja Multi Chef, de acessórios e utensílios para cozinha, foram projetadas e executadas, entregando a operação concebidas, desde a criação do nome, marca, conceito arquitetônico e execução da loja. “Após a flexibilização dos protocolos e restrições, percebemos que o consumidor deste segmento também quer interagir no espaço físico da loja. Procurando acessórios e itens dos quais tomaram conhecimento pelo digital, no período da pandemia, em que passaram mais tempo em casa”, analisa Radamarker. Isso confirma a força do phigital, as lojas físicas trabalhando integradas com o comércio eletrônico. Vale destacar que o Brasil foi o país da América Latina que registrou o maior aumento de compras online durante a pandemia. No ano passado, cerca de 13 milhões de brasileiros fizeram sua primeira compra pela internet.

“Agora, nesta reta final do ano, o varejo pode buscar no físico as ferramentas necessárias para o que travou conhecimento no digital. Reparamos que a Multi Chef mediu estas procuras e está oferecendo maior variedade de itens relacionados a coquetéis, panelas e sistemas de cocção por indução e kits para churrasco. Sem falar nas louças, talheres e taças, itens cujo aumento na procura está relacionado às festas de final de ano”, conta o arquiteto.

E ele dá um exemplo que comprova este aumento no fluxo de pessoas para compras. Um de seus clientes, o salão de beleza inovador Curly Space, que fica no Shopping Nova América, era fabricante (Curly Care) e foi para o varejo apostando na experiência das consumidoras com seus produtos voltados para cabelos cacheados. “Passados três meses da inauguração em 4/9, já nos pediram o acréscimo de mais duas estações de atendimento, em razão do alto fluxo de clientes na loja. Agora estão com um total de 8 estações e têm capacidade para 10, conta Radamarker.

Ainda bem que a Arquitetar projetou toda a operação de forma modular, permitindo no futuro modificar a relação produto x serviço dentro da loja. “Como a marca veio do online, aliás continuam fortes lá, nós agora modificamos um pouco essa relação de produtos expostos com a quantidade de cadeiras para atendimentos. As clientes estão mais dispostas e até empolgadas em retornar aos salões, após o período de restrição da pandemia. Estão mais carentes, não só dos tratamentos em si, mas também da experiência completa de ir ao shopping, tomar um café, conversar e interagir socialmente nestes espaços”, completa o arquiteto.

Ele explica que a abertura de novas unidades destes seus clientes dos setores de moda, beleza/bem-estar e utensílios, foi impulsionada pela melhor negociação que fizeram com os shoppings dentro e após esse período incerto da pandemia. “E agora, com o aumento da cobertura vacinal nacional, os consumidores estão mais confiantes para voltar a circular e comprar”. Conforme Radamarker, os shoppings também são peças importantes nesta retomada, “pois fizeram e estão fazendo a sua parte com investimento em estrutura, segurança, comunicação e marketing, para transmitir ao público a tranquilidade necessária para o retorno seguro das atividades de que todos estavam ansiosos – circular nos shoppings e retomar hábitos antigos que agora se valorizaram – passear, comprar, socializar e viver o que os shoppings têm de melhor: a convivência e a experiência física”, conclui.

Crédito fotos: Freepik