ABIESV - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O VAREJO

Com previsão de queda ou estagnação nas vendas de Natal, comércio prepara promoções

21 jun 2016

Os primeiros enfeites nas vitrines mostram que o Natal já chegou ao comércio. Apesar do clima festivo, a expectativa do setor para as vendas nas festas é tímida. A Confederação Nacional de Comércio (CNC) prevê alta de apenas 2,6% este ano, quase metade dos 5,1% em 2013. Mas há perspectivas ainda mais pessimistas: a gigante Via Varejo, que controla Ponto Frio e Casas Bahia, por exemplo, informou que reduziu em 9,7% o estoque de produtos para o fim desse ano, para R$ 2,8 bilhões. A perspectiva de ritmo fraco pode impulsionar promoções mais agressivas, afirmam especialistas.

No Rio, segundo pesquisa da Fecomércio-RJ, mais da metade dos lojistas (54,3%) espera que as vendas fiquem estagnadas ou que sejam piores do que em 2013. Ainda de acordo com o estudo, 61,4% afirmaram que fizeram ou ainda farão encomendas aos fornecedores iguais ou menores que as do ano passado.

Para Fábio Bentes, economista da CNC, o cenário econômico, de inflação alta e aperto nos juros, deve fazer com que as empresas adotem mais promoções neste ano. Estender o prazo para pagamento deve ser uma das práticas adotadas pelo setor nos próximos meses, afirma o especialista.

— Uma coisa que a gente certamente vai ver até o fim do ano são as estratégias de adiar a primeira parcela. Isso porque o crédito está muito caro. Vale mais a pena apostar nisso do que contar com o fôlego do consumidor — diz o especialista.

Christian Travassos, economista da Fecomércio-RJ, diz que as promoções serão ferramenta para fortalecer as vendas no ano com crescimento menos intenso:

— Essas estratégias de marketing são mais importantes que nunca. As datas comemorativas, principalmente para quem vende duráveis, são importantes. Os empresários vão fazer de tudo.

FINANCIAMENTO MAIS CARO

Financiar as compras deste ano deve sair mais caro do que no ano passado. Segundo levantamento da entidade, a taxa de juros ao consumidor estava em 43,1% em agosto, bem superior aos 36,6% do mesmo período do ano passado. Adiar o pagamento pode ser a oportunidade de evitar a pressão sobre o orçamento no fim do ano, quando os gastos costumam aumentar. Mas é preciso ter cuidado, já que o início do ano também é marcado por contas altas, como IPVA, IPTU e material escolar.

Na Saara, maior centro de comércio popular do Rio, a aposta é que o crédito mais caro atraia mais clientes às cerca de 600 lojas do local, conhecido por vender produtos mais em conta. O Polo Centro Rio, associação que representa os lojistas da Saara, espera aumentar aumentar em 20% o número de temporários contratados para o Natal.

— A gente acredita que, como é um mercado popular, cada vez mais se torna atraente para as pessoas. Não quer dizer que a gente só receba pessoas na época da crise, mas pode ser um estímulo a mais com preços mais competitivos — afirma Leonardo Zonenschein, diretor de comunicação do Polo e dono da loja de camisetas Dimona, que ainda não iniciou a campanha de promoções natalinas.

Roberto Santos, gerente de marketing da rede de papelarias Caçula, em São Cristóvão, que está vendendo enfeites natalinos desde setembro, diz que no fim da segunda quinzena de novembro já será possível sentir a tendência das vendas. Ainda à espera da Black Friday, outras grandes varejistas, como Casa & Vídeo e Lojas Americanas, preferiram não revelar planos para o Natal.

No BarraShopping, a aposta é na conveniência para continuar atraindo clientes. Segundo Jussara Nova Raris, superintendente do shopping, a expansão concluída em julho ampliou o número e a diversidade de lojas, o que deve fazer com que as vendas de Natal deste ano subam 10% frente ao ano passado, segundo as projeções da executiva.

— O shopping é o último a sofrer (com a desaceleração) porque ele oferece mais — diz Jussara.

Fonte: http://glo.bo/1uZonzB