ABIESV - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O VAREJO
As Tendências do Visual Merchandising pós-pandemia

As Tendências do Visual Merchandising pós-pandemia

09 jul 2021

Como está o comportamento do consumidor nesse pós-pandemia? Quais as sinalizações e atrações que o varejista deve usar em sua loja hoje?

Alguns dos maiores especialistas em VM dão informações e dicas para agradar esse consumidor

Após o agravamento da pandemia no começo desse ano, desde o mês de abril, o varejo mostra recuperação. Segundo dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o setor tem crescido. Em maio/2021, as vendas restritas e ampliadas subiram 16% e 26,2%, respectivamente, se comparado a 2020. O varejo voltou a operar acima do nível anterior à pandemia.

“Parece que tudo já está voltando ao normal. Não tenho visto, como dizem que aconteceria, aquele consumidor preocupado em ficar pouco tempo na loja e que se inibe na compra de produtos, digo no toque das peças. No entanto, de qualquer forma, o lojista deve mostrar na prática a preocupação com a segurança de seus clientes, seguindo as medidas de proteção”, diz Sonia Paloschi, diretora de Visual Merchandising da ABIESV e que comanda a Purchase Comunicação e Marketing.

Endrigo Pontes, sócio-fundador da Vitrail, especializada em VM, compartilha da mesma ideia, “estamos percorrendo as lojas físicas e já vendo o varejo como antes, com o consumidor voltando ao normal”. Porém, segundo ele, a pandemia modificou muito o setor, não só estruturalmente, mas a forma como as marcas devem se comunicar e quais áreas devem ter uma atenção especial.

“Com a pandemia, as marcas que já tinham propósito, diferencial de mercado, trabalhavam o marketing e os canais de vendas online e offline, coletavam dados dos clientes, ofereciam experiência e faziam uso das técnicas de VM, sofreram menos e estão conseguindo se recuperar de forma mais rápida”, afirma Pontes, também expert em neuromarketing, professor e palestrante, além de fazer parte do Comitê de VM da ABIESV. Para o especialista, tem varejistas que estão ainda perdidos, sem identidade. “Querem estar em todos os canais de vendas, copiam modelos de negócio ou formato de comunicação, sem conseguir fazer um trabalho adequado ao seu negócio. Esquecem, muitas vezes, do ‘básico’ que é oferecer uma loja conforme seu público-alvo, bem localizada e com os produtos assertivos”.

Sinalização da loja

Sonia Paloschi ressalta que a loja deve estar bem-sinalizada, inclusive como forma de combater o Covid. “Ter um bom material, com marcações logo na entrada, adesivos na vitrine com os dizeres de que a loja tem medidas de segurança, totem com álcool gel na porta, cartazes e anúncios no alto-falante sobre o uso da máscara no estabelecimento e marcações no pico nos locais de fila para manter o distanciamento social. “É importante que o consumidor perceba a preocupação do lojista nesse sentido”.

Outra questão levantada pela especialista é que o varejista sempre gosta de ver a sua loja com muitos produtos, o que não é o ideal. “A distância entre os equipamentos tem que ser de, no mínimo, um metro e em uma circulação principal de, pelo menos, um metro e meio. Hoje com a pandemia mais do que nunca isso precisa ser seguido. E lojas com muito volume de produtos dificilmente conseguem isso”. Segundo Sonia, o lojista tem que tirar por volta de uns 30% dos equipamentos existentes antes da pandemia.

A comunicação também é importante, segundo Sonia, no que se refere a orientação sobre as vendas online e offline. “Os clientes precisam ser informados por meio de vídeo, alto-falante e cartazes, que a marca oferece a possibilidade de fazer suas compras tanto no físico como no e-commerce”.

Loja Kiko’s Itapetininga, VM por Sonia Paloschi

Ayrton Carvalho Mello Junior, consultor de VM e que foi docente do Senac por 10 anos, dá uma boa dica, visando manter produtividade, resultado dentro do ponto físico, diante dos protocolos de distanciamento social: “a jornada do cliente pode ser otimizada com a aplicação de cross merchandising, seja nas produções ou agrupando categorias para mais rápida absorção da informação”.

Cross merchandising é uma técnica de exposição em que se agrega produtos de utilização relacionada. Exemplo: expor queijo ralado na mesma gôndola do macarrão ou a blusa por dentro da jaqueta com a echarpe. Propondo a combinação. “Isso ajuda a diminuir o tempo de permanência do cliente dentro do PDV, por isso, as exposições sendo conjugadas, podem ser mais objetivo. O tempo do olhar do cliente é otimizado, vendo mais elementos ao mesmo tempo”, explica Mello Junior, que também faz parte do Comitê de VM da ABIESV.

Neste aspecto, Sonia reforça uma tendência já consagrada, o uso de espaço instagramável. “É legal pois o cliente interage com materiais da loja, pode fazer no cenário uma self e divulgar para os amigos é uma atrativa interessante e de baixo custo”, completa.

Tecnologias

Ao serem perguntados sobre como explorar a Inteligência Artificial e a realidade aumentada, os especialistas em VM disseram que hoje o varejo, no geral, ainda não faz uso dessas tecnologias. “Essas tecnologias não são uma realidade no Brasil ainda, ao menos não pela maioria dos varejistas, com exceção dos maiores”, diz Endrigo Pontes. Sonia concorda totalmente: “a grande maioria do nosso varejo, talvez uns 90%, ainda não tem essa preocupação. Acredito que vá acontecer a longo prazo”.

Foto da abertura: Loja Ferlin em Marau/RS  – VM por Ayrton Carvalho Mello Junior