ABIESV - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O VAREJO
As apostas para o varejo físico 2020/21

As apostas para o varejo físico 2020/21

03 abr 2020

Juliana Neves, sócia-proprietária da Kube Arquitetura, após visitar a NRF (Nova York) e a Euroshop (Düsseldorf/Alemanha), no começo deste ano, trouxe um compilado de novidades do varejo físico ao Brasil, que dividiu com os participantes do 33º Backstage do Varejo, evento realizado recentemente online pela Abiesv.

Para melhor elucidar os conhecimentos que adquiriu no exterior, Juliana criou os tópicos: transparência, conveniência, experiência e híbrido. Segundo a especialista, a transparência deve existir nos vários processos da loja:  produtivos, de relacionamentos, atendimentos, contratações, com a comunidade, enfim em todas as esferas.  “A loja, hoje, tem um papel educativo, tem que ensinar o cliente como usar os produtos, como tirar o melhor proveito deles, como combinar com outros produtos. Deve, ainda, contar como os produtos foram fabricados, quem está por trás da produção e qual o propósito da marca. Precisa ser eficiente e falar da história”, afirma.

Para Juliana, a grande aposta do varejo neste e nos próximos anos também é o Retail + entretenimento. “A loja deve propiciar ao cliente coisas que ele não tem online, deve ser palco de experiências teatrais e imersivas, investir em vendedores atores, e ser lugar de interação social, tribos”. A arquiteta conta que viu na NRF quase que a loja virando um playground. “Os vendedores são atores, encenam e é impressionante ver a venda se transformar em um show. E também ver o quanto eles vendem”, conta a arquiteta, que também é professora da IED Rio/PUC-Rio e palestrante do Sebrae.

Uma das experiências exemplo, conforme conta, é a Nike. “Os clientes podem testar os produtos jogando basquete em uma quadra, montada dentro da loja. Um vídeo filma todos os movimentos, mostrando a melhor maneira de se fazer um arremesso, se o corpo está bem posicionado, entre outros. Vai de encontro a ideia de a experiências ser como um parque de diversões”.

E por falar em parque de diversões, Juliana conta que quem ganha neste aspecto é a Showfields, loja de departamento ‘mais interessante do mundo’. Com três andares de espaços ambientados, em Nova York, reúne várias marcas que estão começando.  “A visita é iniciada pelo terceiro andar, onde tem um escorregador que te leva ao segundo andar, que tem vários ambientes de casa e atores dando show de vendas”. Para conhecer mais: https://www.showfields.com/artists-blog/maggy-a-grover

Lojas perto do cliente

Conforme a arquiteta, com a omnicanalidade, deve-se reduzir o atrito e ter foco na acessibilidade da loja – perto do cliente. “A loja sendo ponto de encontro da comunidade, tendo transparência no propósito da marca e se conectando emocionalmente com o cliente”, explica. Juliana viu em sua viagem pontos de venda atuando como centros de coleta, de doações e de distribuição de mercadorias. “Vimos várias lojas se reinventando e tendo um papel importante para a comunidade”.

Entre os exemplos está a Nordstyrom (Nova Iorque), de roupa feminina, que materializa vários conceitos em um PDV de produtos e serviços: assessoria de estilo, sapateiro, alfaiate, baby gear services (coleta para conserto de carrinhos de bebê) e ponto de doação de roupas.

A Ikea Planning Studio é outro exemplo dado. Na loja, de dois andares, tem pequenas ambientações, com apartamentos montados e vende serviços, além de mercadorias: projeto e planejamento residencial e de escritório, remoção de moveis antigos e reciclagem.

Indo mais além, ainda, a especialista informa que outra tendência é a integração da venda de produtos, serviços e experiências. “Um modelo de negócio bem promissor”. Neste modelo, o que viu de mais inovador foi a Camp, marca com pouco mais de um ano de existência – e oito pontos nos EUA e em Manhattan -, que vende produtos, serviços e experiências. “É um parque temático infantil. Um lugar para se juntar os amigos e fazer uma pequena festa, com workshops para os filhos. E a loja tem um charme: uma passagem secreta com acesso a uma outro espaço para brincar”.

Juliana ressalta que o varejo físico não vai acabar, mas vai mudar e que o PDV hoje deve ser onde se quer ir e não apenas onde precisa ir.  Já com relação a situação atual do mundo: “Estamos no momento de olhar para dentro e de planejar o futuro, retomando e fortalecendo para o segundo semestre”, conclui a arquiteta.

Sobre as Feiras — Realizada de 16 a 20 de fevereiro, na cidade de Düsseldorf, na Alemanha, a Euroshop acontece a cada três anos, com mais de 2.000 expositores, de mais de 60 países e cerca de 115 mil visitantes. Já a NRF 2020, que contou com a presença de lideranças do setor, aconteceu de 11 a 14 de janeiro, em Nova York. Chamada de Big Show do Retail nos Estados Unidos, a feira teve 38 mil participantes de 99 países, 800 expositores e 16 mil varejistas.