A expansão das lojas modulares
Carrefour inaugura loja em condomínio e pretende investir mais nesse segmento
O Carrefour acaba de inaugurar sua primeira loja autônoma e no conceito de construção modular (de 15m2), no condomínio residencial Interclube Gama e Delta, na capital de São Paulo. Chamada por muitos de container, a instalação é realmente similar, mas, segundo comunicação no site do Carrefour, trata-se de um modelo sustentável, pois os materiais podem ser reutilizados. No caso, a construção é feita com painéis que permitem uma montagem mais fácil, rápida e com custo mais acessível.
Com a marca Carrefour Express estampada, essa é a terceira loja autônoma, sem funcionários e com serviço 24h, do Grupo Carrefour Brasil (as duas primeiras são no coworking CoW, em São Paulo/SP, e em um condomínio residencial em São Bernardo do Campo/SP), que comercializa bebidas, perecíveis, carnes, frutas, verduras e legumes, entre outros.
Carrefour inaugura loja modular e autônoma em condimínio em SP
Marcos Morrone, sócio-diretor da premiada Design Novarejo, diz que a loja em container ou modular já vem sendo utilizada há muito tempo. “Nós já incluímos esse modelo em nossos projetos em situações em que esse tipo de solução se alinha à necessidade”. Segundo ele, as pessoas têm a impressão de que o container é uma coisa simples e barata, que se possa fazer rapidamente, mas não é bem assim. “Porque tecnicamente ele é caro, tem que fazer muita reforma para deixá-lo utilizável, por isso tem que ser para projetos muito específicos. É preciso achar um bom container, pintá-lo, fazer uma revisão na sua estrutura e tem que pensar no revestimento térmico e acústico. E, depois, tem que encaixar toda a sua loja, forração, piso, a parte hidráulica e elétrica. Tudo ajustado para o tipo de projeto que irá desenvolver. E todas essas alterações têm um custo alto”.
Morrone, que é especialista em desenho industrial e comunicação visual, conta que o container/módulos ou instalações semelhantes já vem sendo muito utilizados na Europa, EUA, Japão e China. “O que o Carrefour está fazendo com um módulo único, redes varejistas importantes do exterior fazem com vários módulos refrigerados, um ao lado do outro. Ao final, se monta um minimercado com vários containers, com produtos dos mais diversos, desde alimentos e bebidas, até guarda-chuvas e gravatas, além de um módulo destinado a controle de pagamento. Vira uma miniloja de conveniência, a céu aberto, em locais de grande fluxo de pessoas, como em uma faculdade ou estação de trem. E este modelo mais completo tem tudo para chegar ao Brasil”.
(foto na Inglaterra ou Japão)
E quando falamos sobre loja de conveniência, explica Morrone, o container é simplesmente uma ferramenta, uma maneira de se acondicionar os produtos, dependendo do projeto se usa o container de diversas maneiras para agregar valor. “A partir do momento que eu tenho essa necessidade, existem várias maneiras de materializar. O container é uma delas”.
Porém, o executivo ressalta que para este tipo de negócio autônomo é necessário ter a retaguarda, uma rede de abastecimento rápida e eficiente, para não que haja ruptura. “O ideal hoje são estoques de substituição de produtos automatizados. No exterior costuma ter duas ou três pessoas operando em um depósito de mais de 10 mil m2. E isso não é de hoje, já tem mais de 5 anos”, conta o especialista, que também é conselheiro da ABIESV.
Projetos com container
Entre os projetos com containers já realizados pela Novarejo estão um no Home Center Tem de Tudo e outro no da BRF/Sadia. “Usamos o container no interior da Tem de Tudo porque queríamos ter um ponto focal no centro da loja. Dentro do container fica a área de projetos e ao seu redor recheamos de serviços, áreas de atendimento e de descanso, além de um espaço com café e água, e subindo uma escada fica o atendimento especial para os arquitetos atenderem seus clientes (com Wi-Fi), do alto onde se pode ter uma visão panorâmica de toda a loja. A ideia era essa, quer dizer, o container tinha todo um propósito de estar ali”. Morrone, também, conta que no caso foi adquirido um container básico, que recebeu pintura, reforço de estrutura na parte superior e abertura em uma das laterais.
Home Center Tem de Tudo. Crédito: design Novarejo
Já o projeto da Novarejo para a BRF foi recente e bem amplo no mercado Sadia, loja tipo a swift. “Fizemos dois formatos de loja e ambientações com versões para todo tipo de ponto de contato que a loja Sadia pode ter, inclusive de Store in Store, dentro de atacado de supermercado de condomínio. Também criamos um ponto avançado nos estacionamentos de hipermercados, que foi em container, com extensão em tablado e um deck.
Para o especialista, essa tendência de lojas compactas que sejam transportáveis, pode ser container ou não, é uma boa para os arquitetos. “Estávamos, inclusive, pesquisando outros fornecedores que poderiam construir como se fosse um container modular já. Assim, não seria preciso reforma, já se constrói uma estrutura com paredes e os dutos prontos. E montaríamos uma loja que fosse mais ágil e barata e que pudesse ser transportada”, completa.
O crescimento das lojas autônomas e modulares
No último ano a procura pelas lojas autônomas modulares cresceu 50%. Só a startup pioneira nesse segmento, a Onii, já instalou 248 unidades dessas lojas para os mais diversos públicos no Brasil. Já o Grupo Enxuto inaugurou, somente este ano, a 8ª loja Enxuto Aqui em contêiner, e a 4ª unidade instalada em condomínios.
Varejo pós-pandemia
Marcos Morrone diz que nesse pós-pandemia muitos dos negócios estão se redesenhando e o varejista está tendo que achar a receita certa dependendo de seu produto, cliente e mercado. “Até as bancas de jornal estão se reinventando e virando minilojas de conveniência. Todos têm seu espaço. Mesmo com essa leva de novas lojas em condomínio, os supermercados, por exemplo, não vão perder a sua função, só terão que rever a forma de operar”.
Para o especialista, nós vamos saber qual efeito dessa pandemia nos próximos meses. “Novidade mesmo não aconteceu nenhuma até agora. Os processos de forma de comprar foram acelerados, mas já conhecíamos todos, delivery, omnichannel….”, analisa.
Foto de abertura: Home Center Tem de Tudo. Crédito: design Novarejo