ABIESV - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O VAREJO
A casa se torna o centro de nossas vidas

A casa se torna o centro de nossas vidas

06 set 2021

*Por Ana Costa

Parece até que fizemos uma pequena viagem no tempo, início dos anos 80, discutíamos uma mega trends, Cocooning, mas a motivação era pessoal e individual, porque buscávamos segurança em casa diante de um mundo imprevisível e cruel.

Quase 40 anos depois, voltamos para casa também buscando proteção e segurança, só que agora de forma involuntária e sem preparação, sem entender direito de que perigo fugíamos e principalmente, sem ser uma opção quanto tempo teríamos que viver desta nova maneira.

Hoje, 05/09/2021, faz 572 dias que a OMS declarou pandemia no Brasil, bem mais dias do que imaginávamos viver sob essa nova realidade. Nesse tempo todo muitas mudanças aconteceram de forma mais ou menos intensa, mas algumas delas vão permanecer e a nossa relação com a “casa” é uma delas.

Nossa nova casa, cheia de tecnologia teve que abrir espaços e tornar-se adaptável e flexível de uma hora para outra.

Vivemos tempos de incertezas e nada melhor que estabilidade e rotina para nos trazer paz e um pouco de tranquilidade.

Mais do que nunca precisamos dos nossos próprios abrigos, onde possamos trabalhar, estudar, nos exercitar, cultivar nossa fé e até viver corriqueiramente.

Essas mudanças com certeza influenciaram na forma como consumimos e principalmente como nos relacionamos com as marcas.

Nossas marcas preferidas precisaram se reinventar para se manterem conectadas conosco, já que a distância física por meses se tornou necessária.

Até seu mix de produto sofreu mudanças pois nossas necessidades foram alteradas e agora dentro de casa nossos desejos de compra e principalmente do que é necessário ser mudou.

Nos tornamos mais críticos e criteriosos em nossas compras ao mesmo tempo que nossa opinião, cada vez mais, é ouvida e repercutida em nossa comunidade e em nossa relação com as marcas.

Queremos comprar de marcas que cuidam de seus clientes, de seus funcionários, da comunidade onde está inserida e do meio ambiente, da mesma maneira que cuidamos da nossa casa, amigos e família. Tudo se torna uma grande teia interligada e interdependente.

Passamos a valorizar nossa relação emocional tanto com as pessoas como com as marcas e, portanto, ampliamos nossa necessidade de resolver tudo o que precisamos com quem confiamos, abrindo-se aí uma enorme chance para que as marcas investissem em uma extensão do seu portfólio.

Nossa casa é uma extensão física de nós mesmos, uma materialização do nosso olhar para o mundo, do que gostamos, acreditamos e queremos, o nosso estilo de vida.

Antes resumido somente ao que vestíamos, comíamos ou lugares que frequentávamos isto foi ampliado a nossa forma de dividir espaços, introduzir o externo para o interno, como trazer a natureza para dentro de casa, nosso momento de beleza e bem-estar, de nos exercitar e principalmente nossa relação familiar obviamente incluindo nossos pets.

O simples, o criativo o feito por nós mesmos se torna o novo luxo e poder pertencer a este pequeno e precioso mundo passou a ser o objetivo de todas asa marcas.

Como podemos entrar na sua casa sem sermos invasivos, como conseguimos ser tão empáticos a ponto de sermos convidados são as perguntas que nós gestores de marca temos que fazer.

A casa atingindo o status de templo sagrado da modernidade, traz uma reflexão geral para as empresas e suas relações comerciais com seus clientes.

Esse é o foco que hoje todos devem ter. Não falamos mais simplesmente com clientes, falamos com pessoas, com pequenos grupos de um estilo de vida único, com necessidades específicas que querem ter experiências únicas e customizadas exclusivamente para suas necessidades e desejos.

Vivemos como marca um período mais difícil, mais desafiador, por outro lado com uma liberdade, como nunca tivemos, para criarmos e fazermos o diferente para surpreender quem queremos.

Vamos aproveitar e transformar nossa forma de pensar e se relacionar com nossos clientes amigos e, com isso tentar, nos tornarmos love brands pra eles.

Esta é sem dúvida a hora de virarmos o jogo e quem sabe construirmos uma relação emocional mais duradoura e íntima.

Ana Costa — Diretora de Acadêmico e Conteúdo ABIESV. Graduada em Gestão Estratégica de Moda, MBA em branding, pós em trade mkt, pós em Neromkt, especialista em tecnologia têxtil, visual merchandising e comportamento de consumo, Master em Pool hunting. Ministra aulas e palestras em Comportamento do consumidor, gestão de PDV, trade e shopper mkt, tendências de varejo e environment design e construtora em estratégia de varejo e branding.

Ana Costa concedeu palestra com este conteúdo para ABCasa, evento realizado no início do mês de setembro.

Imagem da abertura: i stock