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ESG: 78,4% das empresas brasileiras já aderiram à agenda, aponta Pacto Global da ONU

ESG: 78,4% das empresas brasileiras já aderiram à agenda, aponta Pacto Global da ONU

31 mar 2023

Pesquisa feita pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil revela que 78,4% das empresas no país já adotaram a agenda ESG (environmental, social and governance — ambiental, social e governança). Essa iniciativa representa um conjunto de práticas e políticas que empresas podem adotar para promover a sustentabilidade e a responsabilidade social nos negócios.

O estudo também aponta os principais motivos das organizações adotarem a agenda ESG em suas operações: a preocupação com os impactos ambientais e a promoção de uma economia sustentável. No entanto, o levantamento evidencia que para 70% das empresas o maior impacto tem sido na reputação e imagem, como explica a gerente de conhecimento do Pacto Global da ONU no Brasil, Gabriela Rozman: “Os consumidores agora estão exigindo mais do que produtos, serviços, que as empresas não sejam única e exclusivamente voltadas para o lucro, mas que também tenham uma contribuição social e ambientalmente responsável”, afirma Rozman.

Uma das empresas do ramo alimentício que se preocupa com a sustentabilidade é a brasiliense Food Flow. Aberto há três anos, o negócio nasceu com o propósito da sustentabilidade. O CEO da Food Flow, Carlos Victor Mendes, explica que a empresa surgiu com a ideia de evitar o desperdício de alimentos. Funciona da seguinte forma: por meio do aplicativo, o cliente escolhe refeições e alimentos, que estão perto do vencimento, e conseguem desconto de, no mínimo, 50% pelo produto. Mendes explica que a preocupação com o meio ambiente também é uma vantagem competitiva para os negócios.

“Isso fez com que a gente desenvolvesse uma empresa de grande potencial, de um valor de escalabilidade imenso, onde conseguimos não só sensibilizar as pessoas da importância do combate ao desperdício, da importância da sustentabilidade, como também mostrar para a sociedade que a sustentabilidade é a vez, é o que a gente precisa e que traz vantagem competitiva para qualquer negócio”, afirma o CEO da empresa.

Mudança de mentalidade

Apesar de as empresas, que não adotam essa prática, relatarem não ter sofrido impactos negativos por esse motivo ou sanções (67,4%), o levantamento mostra que esse cenário pode estar mudando. Entre as entrevistadas, 8,9% relataram ter perdido negócios ou consumidores, 4,2% perderam valor de mercado e 3,7% tiveram dificuldade de acesso a linhas de financiamento. O impacto negativo mais acentuado foi o menor engajamento de funcionários e a dificuldade de atração de talentos (13,2%).

“Apesar de observarmos essas mudanças, elas ainda são pequenas. Precisamos de mais ambição por parte das empresas para transformarem a realidade, novas tecnologias, inovação e uma cultura mais coletiva e menos individualista. Ainda há muito espaço para evoluirmos”, diz Rozman.

De acordo com uma outra pesquisa sobre o tema, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 85% das indústrias brasileiras já aderiram ou pretendem implementar os critérios ESG em seus processos de produção. A pesquisa foi realizada com mil empresários do setor.

Os empresários que disseram que a adoção desses critérios não faz parte da estratégia ou não está em planejamento para implementação nas empresas correspondem a apenas 13% dos entrevistados.

Outro dado importante revelado pela pesquisa é que nove em cada dez empresários consideram os critérios ESG muito importantes para os seus negócios. Em pesquisa realizada em 2021, cerca de oito em cada dez empresários tinham a mesma opinião sobre a agenda.

A pesquisa aponta ainda que cerca de 65% dos industriais indicaram como primeira ou segunda opção que as iniciativas sociais, relativas ao impacto social na comunidade são as mais importantes para as suas empresas.

O que é a agenda ESG

De acordo com a professora e coordenadora do Post MBA em ESG, do COPPEAD, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Flávia Maranho Ponce de Leon, o termo ESG foi apontado pela primeira vez em uma publicação de 2004 do Pacto Global da ONU, em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins.

“Surgiu de uma provocação do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, às 50 principais instituições financeiras do mundo a refletirem sobre formas de integrar fatores ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais”, diz Leon.

Segundo ela, em muitas situações, o conceito de sustentabilidade – que trata de forma integrada o sistema composto pelo meio ambiente, a sociedade e a economia – tem sido simplesmente substituído pela sigla ESG, que traduz uma perspectiva de negócios sobre esse sistema.

Fonte: Brasil 61

Imagem: rawpixel.com  Freepik