ABIESV - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O VAREJO
Varejo se recupera, alguns setores mais lentamente

Varejo se recupera, alguns setores mais lentamente

23 jul 2021

O cenário econômico dos últimos meses é apresentado pela Pesquisa Mensal do Comércio – PMC e a projeção do ano pelo IEMI – Inteligência de Mercado

Segundo divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, dos dados da Pesquisa Mensal do Comércio – PMC, as vendas de tecidos, vestuário e calçados cresceram 16,8% em maio, se comparado a abril. O setor, um dos mais atingidos pela pandemia, foi o principal responsável pela alta de 1,4% do varejo brasileiro naquele mês. As vendas estão ainda 3,1% abaixo de antes da pandemia, fevereiro/2020.

“Está havendo um crescimento do ramo da moda, mas ainda não chega a ser como em 2019, antes do Covid”, afirma o economista Marcelo Villin, sócio-diretor do IEMI – Inteligência de Mercado. Em uma projeção de seu renomado instituto, Villin diz que o setor de moda vai fechar 2021 com crescimento de 17% sobre 2020, mas apresentará uma queda de 4% com relação a 2019.

Desde o início da pandemia, em função do fechamento das atividades do comércio, o setor de tecidos, vestuário e calçados briga para recuperar o patamar anterior de vendas. “Com o passar dos meses, essa diferença com relação à antes da pandemia deve ir diminuindo. Maio e junho, que tem duas boas datas comemorativas, Dia das Mães e Dia dos Namorados, ao contrário do ano passado, esse ano as lojas estavam abertas e o varejo conseguiu atingir bons patamares de vendas. E, em agosto, teremos o Dia dos Pais, que deve apresentar bons resultados também, favorecendo esse setor de moda e outros”, comenta Villin.

Os aumentos de vendas com datas comemorativas, nos últimos dois meses, mencionados por Villin, ajudaram a reduzir a diferença das vendas atuais com a pré-pandemia. Em março de 2021, as vendas estavam 21,9% abaixo de fevereiro/2020. E, em maio, era 3,1% inferior à antes do Covid.

Para o especialista, outro fator importante para que o setor de moda no Brasil esteja obtendo bons resultados é estarmos tendo uma estação de inverno com frio. “Assim os varejistas desovam seu estoque e ficam com condições de investir nas coleções primavera/verão, pois calor sempre faz mesmo”.

E, conforme Villin, prossegue: “Colaborando com o conjunto de fatores que falei no caso da moda – estar inverno com frio e as lojas abertas –, ainda, tem a demanda reprimida, gerada pelo home-office, que fez com que as pessoas achassem desnecessário comprar roupas e sapatos, por mais de um ano. Essa demanda reprimida, se soma também a volta as aulas e/ou ao trabalho, o recebimento por parte de alguns do auxílio emergencial e a vacinação. Tudo isso resulta em boas vendas”.

Varejo restrito e ampliado

No varejo restrito, o patamar de produção em maio de 2021 era 3,9% superior a fevereiro de 2020, sendo segundo mês seguido se mantendo acima. Logo após o início da pandemia, houve uma recuperação forte do varejo restrito, sendo que em agosto de 2020 o patamar já tinha ultrapassado o de fevereiro do mesmo ano (+2,8%). E desde então tem oscilado.

O varejo ampliado — que inclui automóveis e peças e material de construção –, conforme dados da PMC, em maio de 2021, estava 1,6% acima do pré-pandemia. Um dos setores mais em alta, o da construção, em maio, estava 21,9% acima do patamar pré-pandemia. Também acima estavam os setores de artigos de uso pessoal e doméstico, artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, hipermercados, supermercados, móveis e eletrodomésticos. Valem aqui duas observações de Villin, referentes ao setor supermercadista: “Atualmente, com as pessoas voltando ao trabalho, e indo almoçar em restaurantes, o setor de supermercado ficou abaixo da rentabilidade. Também temos o fato de que devem prosperar as lojas de supermercados que estão dentro dos condomínios”, acrescenta Villin.

Já o setor de veículos e autopeças se mantém abaixo em vendas, 4,6%, se comparado a fevereiro/2020. Outros na mesma situação são o de combustíveis e lubrificantes, automóveis, motos, partes e peças, equipamentos e materiais para escritório e informática e livros, jornais, revistas e papelaria.

Segundo o economista, nada será como antes. “Tem as mudanças de comportamento do consumidor, que incorporou novos hábitos, como comprar muitas coisas pelo Rappi.” Mas, apesar do e-commerce estar crescendo, a loja física continuará sendo muito importante pela experiência de compra. “No setor de moda, por exemplo, a compra por impulso acontece no físico, no setor de móveis, as pessoas querem ver para comprar”, explica Villin, que também é Diretor de Pesquisa da ABIESV. E assim por diante. O varejo passou por uma turbulência, um choque econômico. E, agora, tem início a recuperação, lenta”, conclui.

Foto de abertura: Ranjat M., Pixabay