Setor de Móveis e Colchões foi um dos menos impactados, segundo pesquisa do IEMI – Inteligência de Mercado
Estudo mostra o desempenho do varejo nos mercados de moda e decoração no Brasil, com indicadores de janeiro a agosto e estimativas para o ano
Com a paralisação das atividades do comércio, em função da pandemia, todos os setores foram impactados, alguns mais que outros. Porém, um aspecto positivo é a recuperação, em poucos meses, de alguns segmentos, como o de móveis e colchões, por exemplo, cujos números apontam para um crescimento este ano, em volumes de peças comercializadas, da ordem de 2,9%, se comparado ao ano passado. Como os demais, o setor teve uma queda inicial, nos primeiros meses de fechamento do comércio, no entanto, os resultados dos últimos três meses reverteram a situação.
Não tão positivo, mas também motivo de comemoração é o setor de artigos para casa (tapetes, luminárias, etc), que também evoluiu, com resultados dos últimos dois meses, melhorando as estimativas iniciais, que apontavam para uma queda de 4,3%. Agora passaram mostra estabilidade 0,0%, no comparativo de 2020 x 2019, em receitas venda, já descontado a inflação.
“Todos os setores foram impactados com a pandemia no Brasil, alguns menos e outros mais. Os setores menos impactados foram os que estavam ativos no e-commerce e com seus canais de vendas preservados. Além disso, alguns foram favorecidos pelo comportamento do consumidor, que se encontrava isolado em casa, como foi o caso dos setores de móveis e colchões, de alimentos (mercados), produtos de higiene pessoal, medicamentos, materiais de construção, entre outros”, explica Marcelo Villin Prado, sócio-diretor do renomado instituto IEMI – Inteligência de Mercado, responsável pela pesquisa que traz estes novos dados de mercado.
“As pessoas estando em casa e precisando adaptar ambientes, certamente precisaram investir em móveis e eventualmente em materiais de construção. Também passaram a cozinhar mais em casa, quer dizer, vários hábitos mudaram, beneficiando alguns segmentos em detrimento de outros”, completa Villin Prado, que é economista, com especialização em Marketing Estratégico.
Porém alguns setores não conseguiram recuperar tão rápido igual ao de artigos de casa e de móveis e colchão. O de vestuário e de calçados, por exemplo, sofreram uma queda em torno de 33%, de janeiro a agosto de 2020 se comparado ao mesmo período de 2019. “O consumidor diminuiu o uso e houve perda de motivação de consumo destes produtos. São segmentos que se recuperam lentamente, mas como perderam muito, até o final do ano não terão tempo de recuperar tudo. Será inevitável uma queda de no mínimo 18% e 20%”, conta o especialista.
Para 2020, resultados preliminares apontam para uma redução próxima a 1,2% no varejo em geral (ampliado), no Brasil, em valores nominais (sem descontar a inflação). Em volumes de peças comercializadas (litros, quilos, etc.), as projeções para 2020 apontam para uma queda de 3,3%, no varejo em geral (ampliado), sobre o acumulado de 2019.
Segundo Villin Prado, que também é diretor de pesquisa da ABIESV, com a reabertura do comércio há uma reativação do dia a dia e dos canais de venda e o final do ano será bom. “Não baterá recorde, mas será ao menos equivalente ao ano passado”. O economista explica que toda cadeia de produto passou por um choque na paralisação das atividades do comércio e que agora toma folego para recomeçar. “Com a demanda reativada, o varejo prepara seu estoque para o final do ano. Para a indústria essa retomada é mais difícil do que para o varejo, em função das linhas de produção. Mas independentemente disso, de agora até dezembro, todos precisarão de mais pessoal, o que aumentará os empregos, sobretudo temporários, mas também efetivos”.
Vestuário: 6,3 bilhões de peças, 144 mil PDVs especializados
Calçados: 839 milhões de pares, 34 mil PDVs especializados no país
Consumo no Brasil
Em dados de 2019, o consumo de vestuário no Brasil movimentou R$ 231, 3 bilhões, 98,3% referente ao varejo físico sell-out (R$ 227,3 bilhões), e o restante 1,7% (R$ 4 bilhões) foi no e-commerce B2C sell-out. Porém, a taxa de crescimento no e-commerce é em maior, de 33% contra 2,5% do varejo físico. Já o consumo de calçados movimenta R$ 55,4 bilhões, com 57,8% do varejo físico (54,2 bilhões), apresentando um crescimento de 1,2%, e 2,2% (R$ 1,2 bilhão) de e-commerce, com 28% de taxa de crescimento.
Já os artigos de casa movimentam no país R$ 83,8 bilhões, no qual o varejo físico é responsável por 94,9% (R$ 79,5 bilhões), em um crescimento de 3%, e o e-commerce fica com fatia de 5,1% (R$ 4,3 bilhões), porém apresentando crescimento de 24%.
Enquanto que Móveis e Colchões o consumo está em R$ 93,9 bilhões, com o varejo físico tendo representatividade de 96,3% (R$ 90,4 bilhões), e crescimento de 3,6%; enquanto e-commerce fica com 3,7% (R$3,5 bilhões), com crescimento de 16%.