ABIESV - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS PARA O VAREJO
Mudança de cenário: pequenas e médias ganham força no mercado de capitais

Mudança de cenário: pequenas e médias ganham força no mercado de capitais

13 Maio 2021

Marcelo Villin, diretor de pesquisa da ABIESV e sócio-diretor do IEMI – Inteligência de Mercado, diz quais são os motivos das PMEs passarem a buscar recursos por meio de operações do mercado financeiro 

Notícia dessa semana trouxe que mais empresas pequenas e médias passaram a buscar recursos por meio de operações no mercado financeiro. As ofertas de volumes cada vez menores ficaram evidentes no primeiro trimestre desse ano, conforme levantamento do Estadão/Broadcast, com base em dados da Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. Para se ter uma ideia, foram registrados até o dia 31 de março, sete ofertas de debêntures (títulos de dívidas) e três de notas promissoras — operações de menos de R$ 100 milhões.

Quer dizer, as operações para obter recursos via emissão de dívidas no mercado de capitais não atendem mais predominantemente às grandes empresas. “Essa tendência é fruto de um trabalho que vem sendo realizado há alguns anos pelo Banco Central e pelo Governo Federal (ainda na gestão anterior), no sentido de descentralizar o crédito e viabilizar o acesso de pequenas e médias empresas a empréstimos mais baratos e a novas fontes de financiamento, o que vem diminuindo o poder e o custo da intermediação dos grandes bancos”, explica Marcelo Villin, diretor de pesquisas da ABIESV e sócio-diretor do conceituado instituto IEMI – Inteligência de Mercado.

O especialista explica que, aos poucos, essas ações vão ampliando o número de empresas com ações negociadas em bolsas, a tomada de financiamentos diretos, através de debêntures (antes exclusivas de grandes empresas), o fortalecimento de pequenos bancos (muitos deles digitais, de baixo custo e reduzida burocracia), além de fomentar a participação de novos agentes financeiros, como as Fintechs — união das palavras financial e technology. As fintechs são majoritariamente startups que trabalham para inovar e otimizar serviços do sistema financeiro; possuem custos operacionais muito menores comparadas às instituições tradicionais do setor.

“Esses resultados, aos poucos, vão mudando o cenário do crédito no Brasil, ao aproximar investidores e tomadores, a um baixo custo de agenciamento, juros e burocracia menores, sem a dependência de subsídios governamentais, cujos recursos estão ainda mais escassos”, completa Villin.

Para o executivo, a expectativa é que esse movimento se consolide nos próximos anos e seja um importante motor de crescimento, formalização e desenvolvimento de médios e pequenos produtores.

Outros profissionais também arriscam palpites para a mudança nos últimos dois anos: por causa da pandemia, a restrição do crédito nos bancos para pequenas empresas, a queda dos juros, menores custos dos intermediários e distribuidores para realizar ofertas restritas e a demanda dos investidores por aplicações de crédito privado.

São exemplos de debêntures: a Ascensus, empresa de logística de Joinville (SC), arrecadou R$ 25 milhões em março, e a startup Plugify captou R$ 32,6 milhões, recebendo recursos de fundos de crédito como Angá e Augme.

Na emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) foram 10 ofertas com captação abaixo de R$ 100 milhões. Entre os fundos imobiliários, são 31 ofertas até R$ 100 milhões, sendo três delas de R$ 1 milhão. No mercado de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) foram contabilizadas outras 28 ofertas com volumes abaixo de R$ 10 milhões, sendo a menor de apenas R$ 750 mil, da RB Capital Companhia de Securitização.

Os dados são do jornal O Estado de S. Paulo.