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Metaverso: Palavra que mais se escutou na NRF 2022

Metaverso: Palavra que mais se escutou na NRF 2022

21 jan 2022

O maior evento de varejo do mundo, o Retail’s Big Show, aconteceu em Nova York, na semana passada, promovido pela National Retail Federation (NRF), com muito conteúdo 

“Como eu já imaginava o metaverso é a principal pauta da NRF este ano”, já tinha previsto Camila Salek, sócia-fundadora da Vimer. “O metaverso é emergente, precisa ser testado no agora”, completa ela. A palavra esteve em palestras de Emma Chiu, diretora de inteligência da Wunderman Thompson, “O novo mundo: os desafios e as promessas do metaverso para os varejistas”, que explicou como o metaverso moldará nosso futuro e quais oportunidades ele oferece para as marcas; e de Kate Ancketill, CEO da GDR Creative Intelligence; entre várias outras, provando que o metaverso ganha força e atrai marcas e consumidores para o mundo virtual.

Em suas palestras, tanto Kate quanto Emma apresentaram cases de empresas que estão testando e sendo bem-sucedidas no metaverso, como a Nike e a Fortnite. Também a Ralph Lauren está estreando a sua primeira linha de moda digital no mundo virtual da Roblox, tornando-se a mais recente fabricante de roupas a tentar divulgar a marca no metaverso, onde consumidores da Ralph Lauren compraram 100 mil avatares estilosos com roupas da marca. “Acreditamos nas oportunidades do Metaverso”, diz Patrice Louvet, CEO da Ralph Lauren.

Estima-se que até 2030, as gerações digitais vão representar 50% do total. E o fato é que o varejo e consumo no metaverso apenas começam a ser testados, mas é uma promessa para um futuro próximo.

Mas afinal, o que significa metaverso? Indo para o google pode ficar mais claro: é a terminologia utilizada para indicar um tipo de mundo virtual, que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. É um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de realidade virtual, realidade aumentada e internet.

O escritor, colunista, especialista em varejo Caio Camargo, lá de NY, enquanto participava da feira, explicou o termo em suas redes sociais, intitulando seu vídeo de “Omnichannel x Metaverso”. Segundo ele, sempre se falou muito sobre varejo físico, digitalização, omnicanalidade (integrar as operações digitais e físicas das lojas). “Também já tínhamos operações de realidade virtual e uma série de joguinhos onde é possível simular o avatar e comprar coisas para ele. Mas o que muda nessa conversa quando se fala no tal do metaverso? A questão é que trazemos um novo pilar, o da realidade virtual e, a partir disso, temos o desafio de somar tudo isso  em uma única experiência”, explana o expert.

“Por exemplo o consumidor pode estar no jogo comprando a roupa do avatar e decidir comprar itens para a sua casa e pedir para entregar. O que muda é a integração, a palavra omnicanalidade está evoluindo, foi acrescentada mais uma perna para esse mundo digital, e isso muda o entendimento desse jogo. Integrar é a grande solução”, conclui o colunista.

Após a NRF talvez a palavra metaverso ganhe mais porcentagens, pois antes apenas 38% dos consumidores globais teriam ouvido falar do termo. Já 62% dos consumidores dizem se sentir mais próximos ao interagir com uma marca digitalmente; 66% preferem se envolver com marcas digitalmente; 73% acham mais fácil interagir com marcas com presença digital; e 85% acreditam que a presença digital será essencial para que uma marca seja bem-sucedida no futuro (dados do veículo Mercado & Consumo).

E aqui vale, também, uma boa explicação dada pela Varejo 180 (delegação que foi para a NRF) sobre o que é omnichannel, também muito comentada na NRF: “é uma estratégia do varejo que utiliza diferentes canais de comunicação para oferecer experiências de compra independentemente do meio utilizado. Seja no ambiente online e offline – estreitar relação em loja física e online. Uma experiência omnichannel integra lojas físicas, e-commerce, redes sociais, aplicativos, e o objetivo final é a satisfação e fidelidade do cliente.

Essa NRF rendeu reflexões interessantes entre os executivos brasileiros. Abaixo algumas delas:

Geração Z

“Depois de se ouvir muito falar sobre metaverso, no último dia da feira a palavra experiência foi, incrivelmente, e muito mais pronunciada pelos corredores e pelas conferências como o grande pilar para que as empresas consigam de fato garantir a sua perenidade, a sua sobrevivência nesse novo mundo do varejo. Mas outra palavra que também chamou muito a atenção foi a Geração Z, que já vem contar uma história seguinte daquela dos millenials, que tanto preocupou e fascinou, ao mesmo tempo que tirou o sono de muita gente tentando entender o comportamento. E, agora, a Geração Z vem para desafiar e trazer uma nova perspectiva. Uma geração que está muito preocupada com proposito, engajamento em causas maiores do que simplesmente uma relação transacional. É obvio que também o bom negócio, uma boa relação custo-benefício faz parte deste interesse. É a geração que mais troca, que mais compra usados, e só nos EUA já representa mais de 100 bilhões de potencial de consumo. Então agora é esquecer um pouco os milleniuns, observando o target da sua empresa, mas se preocupar cada vez mais com a geração que nasceu a partir de 1997, a geração Z”.

Zeh Henrique Rodrigues, sócio VP de branding e varejo no Grupo OM e Brainbox, um dos especialistas da delegação Varejo 180

 

Foco

“As pautas da NRF quando não estão focadas em tecnologia estão focadas em outros dois polos: ESG – Environmental, social and corporate governance, porque as marcas precisam ter essa transparência com seus consumidores, que exigem esse proposito cada vez mais forte; e outro polo é a questão de pessoas, a necessidade das empresas em engajar e reter talentos, desenvolver carreiras, porque é uma dor das empresas, hoje, reter talentos neste contexto da pandemia. Então, vou trazer um conceito que é o de empoderar os colaboradores. É um desafio, mas importante aos negócios”.

Caio Camargo, escritor, colunista, especialista em varejo

 

 Urgente X Emergente
“Nestes últimos 20 meses, nós varejistas fomos forçados a pensar menos na experiência e mais em como fazer com que os consumidores conseguissem fechar transações comerciais de compra. É natural porque falar de experiência tendo que manter o distanciamento social fica difícil. Já, agora, o olhar está indo de maneira muito clara e nítida para um panorama que nos provoca pensar mais em como a gente vai além da compra oferecida pelos consumidores, como construir uma melhor experiencia de compra em diferentes momentos. É preciso diferenciar assuntos urgentes, que representam dores e necessidades que precisam ser sanadas, dos assuntos emergentes que devem ser testados no agora. Multicanalidade, omnicanalidade, campanhas de PDV são urgentes. Já metaverso, ativações sustentáveis e interativas são emergentes. Temos uma chance absurda agora de construir novos caminhos, através destes movimentos que estão começando. Os varejistas desempenham papel vital na sociedade, somos motores de criatividade, de inovação, de geração e de oportunidades econômicas. Temos que saber nesse momento diferenciar o que é urgente do que é emergente.

Camila Salek, sócia-fundadora da Vimer

 

Simplicidade

“Nessa edição da NRF, percebi que a maioria das empresas estão convergindo para simplicidade. A simplicidade de soluções para o PDV integradas com as aplicações mobile que vão desde a leitura de etiquetas de preços e informações dos produtos, a finalização da compra. Mas existe um passo muito importante antes dessa etapa de conversão, que é você trazer de fato a comunicação de que o seu produto é necessário para o consumidor, e isso está muito relacionado a experiência gerada no ponto de venda”.

Tiago Brito – CEO da LedWave

 

Autosserviço

“Interessante que na zona de Startups & Inovação da NRF 2022 podemos ver que muitas das aplicações estão voltadas para soluções de autosserviço. Isso definitivamente é uma tendência muito forte, onde você dá mais liberdade ao consumidor dentro do PDV. Invariavelmente, seja no ambiente físico ou digital, é necessário recursos inteligentes de comunicação, e a comunicação visual, ainda é a mais impactante, e precisa ser objetiva e bem direcionada”.

Tiago Brito – CEO da LedWave

 

Crédito foto de abertura: Pixabay