Curiosidades e novidades: NRF 2022
No final da semana passada várias delegações brasileiras começaram a chegar a Nova York/EUA para a edição de 2022 da NRF Retail’s Big Show, maior feira de varejo do mundo, promovida pela National Retail Federation (NRF), realizada de 16 a 18/1, no Jacob Javits Convention Center. Na lista de palestrantes nomes como Arvind Krishna, presidente e CEO da IBM; Patrice Louvet, presidente e CEO da Ralph Lauren; Jennifer Steinmann, líder do mercado global ESG da Deloitte; e Steven Williams, CEO da PepsiCo Foods América do Norte.
Entre as informações e as impressões dos que chegavam para a feira após dois anos (a última foi em 2020, pois a de 2021 não ocorreu por causa da pandemia): “Ao pegar a credencial da NRF as vacinas contra Covid foram conferidas e ganhamos uma pulseirinha, que significa que somos vacinados, então, não precisaremos ficar mostrando a carteira de vacinação o tempo todo. E o interessante é que a inscrição da NRF vem junto com um teste de Covid”, conta Alessandra Andrade, idealizadora e gestora do FAAP Business Hub e presidente do Conselho de Inovação em SP. Ela postou em suas redes sociais um pouco de suas impressões e da diferença de se credenciar esse ano: “Nem teve fila”, disse ao mesmo tempo em que mostra no vídeo o espaço bem vazio.
Também muitos que chegaram a NY para a feira contaram que a cidade está vazia se comparada há anos anteriores e que a cada esquina se acha um posto de testagem gratuito de Covid. “A cidade está muito mais calma. Tem muitas lojas fechadas ou funcionando em horário reduzido, em plena Time Square lotada”, conta Caio Camargo, escritor, colunista e palestrante, especialista em varejo. Segundo ele, a exposição da NRF esse ano apresentou espaços vazios porque algumas empresas desistiram em função da pandemia.
Camargo conta, também, uma curiosidade sobre o comércio local: “Há dois anos quando estive na última NRF presencial se discutia muito sobre a liberação da maconha e começaram a surgir as primeiras lojas ainda em uma restrição de uso médico. Mas desde o começo desse mês a cannabis está liberada em NY e se encontra fácil nas lojas, bem como os equipamentos para o seu consumo. Quer dizer, a cidade já tem um mercado trabalhando nesse sentido”.
A força da loja física
As delegações que saíram do Brasil, costumam realizar palestras pré-NRF e visitar as lojas mais inovadoras. A Varejo 180, por exemplo, que tem a missão de traduzir as informações da Feira com aplicabilidade para o negócio, tem entre seus dirigentes o presidente da ABIESV, Marcos Andrade, e o fundador e conselheiro da entidade, Julio Takano, e reuniu 180 executivos rumo NY. Em palestra proferida por um de seus especialistas em varejo na área de tecnologia, o americano Andy Austin, foi dito que o varejo físico vai continuar relevante, desde que consiga gerar experiência de curadoria de produtos; facilidade de localização e locomoção nas lojas e interatividade com os consumidores.
As palestras da Varejo 180 também apresentaram o tripe de desempenho do varejo: 1. inovação para melhoria de performance (não apenas para dizer que tem); 2. decisões baseadas em fatos; e 3. consumidor sempre analisado e ouvido para qualquer alteração na operação.
Em outra delegação, a New York Retail Summit, em palestra pré-NRF, Ricardo Guinâncio, CEO do O Negócio do Varejo, e diretor de Inovação da ABIESV, afirma “mas mesmo a aceleração digital ter acontecido com uma velocidade incrível, ainda percebemos a necessidade da loja física para impulsionar as vendas online”. Segundo ele, a pandemia transformou o perfil do consumidor em dois aspectos: levando as pessoas para o universo digital e na forma como as pessoas estão interagindo e se relacionando com as marcas.
As lojas inovadoras
Aproveita-se a ida a Nova York para assistir a NRF e, também, visitar as lojas e saber de suas inovações. A associada da ABIESV, Vimer, entre seu roteiro de lojas está a Tiffany Next Door, pop-up que serve como a principal loja da Tiffany & Co. em NYC até que a transformação da 727 Fifth Avenue seja concluída neste ano. O espaço com quatro andares oferece alta joalheria, coleções famosas da marca, além de utensílios domésticos e acessórios. A Flagship também tem as famosas salas de venda privada e um salão VIP, que oferece aos clientes o mesmo nível de serviço que eles estavam acostumados na loja original.
Camila Salek, sócia-fundadora da Vimer, conta que a pop-up Tiffany Next Door foi projetada em torno de uma escada rolante e mantém um visual divertido com uma pegada moderna, inspirado na loja original. Como afirma Krakoff, diretor artístico da Tiffany, “Antes de tudo, uma loja hoje precisa ser um espaço extraordinário, mas também divertido e envolvente, para que você queira voltar”.
Uma loja que não sai do roteiro da Vimer é a marca de luxo Atelier Beauté Chanel, criada para que os consumidores se sintam à vontade para explorar e testar os produtos. A loja oferece total autonomia, mas também tem curadoria personalizada, com vendedoras que são consultoras de beleza.
As visitas da Vimer e, também, de outras delegações, como a New York Retail Summit incluíram as novas instalações na House of Innovation da Nike. “Uma experiência incrível com uma nítida demonstração da expressão da força de uma marca líder de mercado”, afirma Ricardo Guinâncio. “Imersiva, emblemática e inovadora cujo subsolo virou uma grande área de diversão para crianças, com muita interação em telas”, diz Camila.
Outra loja é a da M·A·C Cosmetics, que, segunda Camila, traz à tona muito do mindset digital. “Com a premissa de que o formato LAB é um grande potencial para o varejo físico, dentro da loja os clientes são convidados à atividades como a customização de paletas de maquiagem e embalagens e a experimentação de produtos com looks completos criados por maquiadores oficiais da marca. Além disso, os consumidores são estimulados a testar os produtos e salvá-los para finalizar a compra online posteriormente. Mais do que o uso de tecnologia, neste espaço a marca entende e incorpora novas dinâmicas à experiência do consumidor dentro de loja”.
M·A·C Cosmetics
E para quem ainda não ouviu falar nos Speakeasy? São “bares secretos” de NY, que ficam escondidos nos fundos de padarias e mercados, que surgiram na época da Lei Seca no EUA. A The Little Shop, espaço que faz referência aos speakeasy, faz parte do roteiro de visita da Vimer. Foi projetado para parecer uma sala de estar de uma casa e oferecer uma história autêntica. Segundo Boujnah, cofundadora da marca, o espaço tem conjuntos de coisas que são únicas e todos têm uma história e um pouco de vida. “Além disso, oferece produtos que atendem a comunidade local em relação às suas necessidades básicas – movimento muito forte impulsionado durante a pandemia”, conta Camila.
“Acreditamos e apostamos no crescimento desta tendência de glocalização, onde grandes redes estabelecem negócios em formatos locais que trazem o diálogo e o atendimento às comunidades, como é o caso da The Little Shop. Em São Paulo, temos por exemplo, os formatos de conveniência que se instalam até mesmo dentro de condomínios e é uma realidade em ascensão”, completa ela.
The Little Shop
Outro estabelecimento que quem vai a NY deve visitar é a loja da Google, que tem muita interatividade, apresentando todas as tecnologias do Google e como podem ser integradas: serviços cognitivos, reconhecimento de voz, inteligência artificial e Machine Learning Cloud. E vai além: mostra como trazer essa tecnologia para dentro de casa e como usá-la para resolver um problema da empresa.
Na entrada da loja Google, o Imagination Space permite com que os convidados interajam com os produtos e tecnologias da marca, por meio de uma série de telas suspensas entre o piso e o teto. A área fechada desperta os compradores para as maravilhas encontradas nas inovações digitais em exibição.
O design destaca o piso feito 100% de resíduos de fábrica, reciclados pela empresa sueca Bolon, e painéis acústicos com um acabamento em feltro de plástico 100% PET – fabricante norte-americano Kirei. As características garantiram o certificado LEED Platinum, para construções sustentáveis, a maior classificação de sustentabilidade para lojas.
